O presidente Luiz Inácio Lula da Silva convocou para esta segunda-feira (11), às 17h, uma reunião de emergência com o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, para fechar o pacote de apoio a setores prejudicados pelas tarifas de 50% impostas pelos Estados Unidos a produtos brasileiros. O anúncio oficial das medidas deve ocorrer até esta terça-feira (12).
A proposta em discussão inclui a criação de novas linhas de financiamento, incentivos à abertura de mercados, devolução mais ágil de créditos tributários e mecanismos de proteção ao emprego. Também está na mesa a adoção de medidas antidumping para evitar que importados inundem o mercado brasileiro.
A pressão por respostas cresceu desde o dia 9 de julho, quando o governo norte-americano anunciou o aumento das tarifas sobre parte das exportações brasileiras. Organizações como a Confederação Nacional da Indústria (CNI) e representantes do agronegócio apresentaram ao Planalto uma lista de demandas, reduzida de 37 para oito medidas consideradas prioritárias.
Repercussão internacional e política interna
Lula afirmou que pretende articular com outros países do Brics — bloco que inclui China e Índia — uma reação coordenada ao tarifaço de Washington. Ele disse que vai ligar para o primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, e para o presidente chinês, Xi Jinping, para discutir impactos e possíveis ações conjuntas.
No plano interno, analistas avaliam que o episódio fortaleceu politicamente o governo. Segundo o cientista político Antonio Lavareda, presidente do conselho científico do Ipespe, a rejeição popular às tarifas impostas por Donald Trump supera 60% e tem impulsionado a aprovação de Lula, que vinha em leve alta nas pesquisas. “As tarifas de Trump melhoraram a aprovação do Lula”, afirmou.
Com o pacote prestes a ser anunciado, o Planalto busca combinar alívio imediato para setores estratégicos com uma resposta diplomática que envolva parceiros internacionais. A movimentação ocorre a pouco mais de um ano das eleições presidenciais.