Por mais bizarro que pareça, é isso mesmo que você leu. Na Europa, entre os séculos 16 e 19, comer múmias era um “remédio” bastante comum. Restos mortais egípcios eram vendidos em pó, que era recomendado por médicos da época como uma cura para dores de cabeça, estômago e coração. Como explica a Superinteressante, espalhou-se a ideia de que comer os restos mumificados era uma “cura para todos os males do corpo”.
Ps: sim, isso é canibalismo.
E o mais interessante é a origem dessa crença: ela veio de uma tradução errada de antigos textos árabes para o latim.
Como surgiu a crença de que “comer múmias” é bom para a saúde
De acordo com o historiador Karl Dannenfelt, na hora de traduzir textos árabes para o latim, tradutores europeus confundiram a palavra “múmia”. O correto era mumia, ou betume, uma substância negra e pegajosa usada na medicina islâmica. Além das duas palavras serem bem parecidas, algumas múmias eram embalsamadas com betume, o que consolidou de vez a confusão.
Marcus Harmes, professor na Universidade do Sul de Queensland, explicou ao site The Conversation que a ideia de comer múmias pareceu um remédio muito apropriado para a elite social e real da época. Os médicos afirmavam que as múmias que eles estavam consumindo eram de faraós, então era como se a realeza estivesse comendo a realeza.
Essa crença bizarra levou a uma febre de violação de túmulos egípcios e contrabando de múmias, chegando até mesmo ao ponto de serem vendidas “múmias falsas” de cadáveres frescos tratados com sal e drogas, secos e transformados em pó. E essa febre não foi uma coisa passageira, tendo durado até o final do século 19.