Liam Neeson, conhecido por papéis marcantes em filmes como A Lista de Schindler (1993) e a franquia Busca Implacável, teve em mãos a oportunidade que poderia ter mudado sua trajetória no Oscar. Escalado em 2005 para viver o presidente Abraham Lincoln no épico de Steven Spielberg, o ator acabou abandonando o projeto cinco anos depois, convencido de que não estava mais à altura do papel.
“Foi como um raio. Eu pensei: ‘Não deveria estar aqui. Minha data de validade passou. Eu não consigo ser Lincoln’”, relembrou Neeson em entrevista à GQ, em 2014.
Depois do sucesso de A Lista de Schindler, Spielberg buscava repetir a parceria com o irlandês. O convite para estrelar Lincoln foi recebido por Neeson com entusiasmo, e o ator chegou a se dedicar por quatro anos a pesquisas sobre o presidente americano.

O roteiro passou por mudanças ao longo dos anos até chegar às mãos do dramaturgo Tony Kushner, que deu foco à aprovação da 13ª Emenda, que aboliu a escravidão nos Estados Unidos. Em 2009, durante uma leitura de mesa com Spielberg, Sally Field e John Lithgow, Neeson percebeu que não conseguiria assumir o personagem.
“Era um texto extraordinário, mas eu não tinha conexão nenhuma com ele. Parte disso também era luto”, disse o ator, que havia perdido a esposa, Natasha Richardson, em um acidente de esqui meses antes.
O papel que virou Oscar
Após a saída de Neeson, Spielberg voltou a procurar Daniel Day-Lewis, que inicialmente havia recusado a oferta. Convencido por amigos em comum e pelo próprio diretor, o ator britânico aceitou o desafio. O resultado foi histórico: Day-Lewis recebeu seu terceiro Oscar de Melhor Ator, consolidando-se como um dos maiores intérpretes de sua geração.
O filme, lançado em 2012, recebeu 11 indicações à Academia, incluindo Melhor Filme, Melhor Diretor e Melhor Roteiro, e foi aclamado pela crítica, com 89% de aprovação no site Rotten Tomatoes.
Reconhecimento e resignação
Mesmo tendo perdido a chance, Neeson não guarda mágoas. Ao comentar a atuação de Day-Lewis, ele foi categórico: “Ele é o Abraham Lincoln, p*rra. Isso é perfeito. Perfeito”.
A decisão de abandonar o papel pode ter custado a Neeson a sua maior chance de conquistar uma estatueta, mas também reforçou sua honestidade artística: não encarar um personagem sem acreditar plenamente na interpretação.




