Nos últimos meses, consumidores em todo o Paraná e em outros estados têm relatado situações preocupantes ao tentar pagar contas de água, luz e até impostos. Ao escanear o QR Code impresso na própria fatura recebida pelos Correios ou em boletos baixados pela internet, o pagamento não foi direcionado para a concessionária oficial, mas sim para uma empresa chamada Safe Pagamentos, inscrita no CNPJ 57.960.939/0001-15 e situada em Porto Alegre/RS. O resultado foi o mesmo em todos os casos: a conta continuou em aberto, enquanto o dinheiro foi desviado para terceiros.
De acordo com a Sanepar, concessionária de saneamento do Paraná, qualquer cobrança legítima deve aparecer nos comprovantes em nome da própria companhia e com o CNPJ correto. Quando surge o nome de outra empresa, como Safe Pagamentos, trata-se de fraude. A prática é conhecida como adulteração de boleto ou clonagem de fatura, um golpe que tem se multiplicado com a popularização do Pix e da leitura de QR Codes. Os criminosos aproveitam brechas para alterar os dados de cobrança e fazer com que o valor caia em contas de intermediárias.
A equipe de reportagem do Diário do Comércio ouviu a aposentada Raquel Ponte, de 67 anos, moradora de Londrina (PR). Ela relatou ter sido uma das vítimas do golpe envolvendo a empresa Safe Pagamentos, após tentar quitar a conta de água e perceber que o valor pago não foi repassado à Sanepar.
“Eu paguei confiando no QR Code que chegou em casa. Depois, ao consultar a Sanepar presencialmente para resolver outro problema, vi que a conta continuava em aberto e fiquei desesperada. É uma sensação de impotência, de estar sendo enganada dentro da própria casa”, contou.
Reclamações semelhantes se multiplicam em plataformas como o Reclame Aqui, onde consumidores relatam compras em sites falsos e cobranças de taxas inexistentes, todas com o mesmo desfecho: o beneficiário final era a Safe Pagamentos ou sua variação, a Pague Safe. Em alguns comprovantes, além do nome, também aparece o CNPJ vinculado à empresa, deixando claro que o dinheiro foi desviado para fora do destino correto. A empresa alega ser apenas um gateway de pagamento, mas não consegue evitar que golpistas utilizem sua estrutura para enganar clientes.
Procons de várias cidades do Paraná já emitiram alertas oficiais, reforçando que concessionárias como a Sanepar não enviam QR Codes por mensagens, nem oferecem descontos para pagamentos via Pix. A orientação é sempre conferir o nome do recebedor antes de confirmar qualquer transferência. Se não aparecer a empresa oficial, o consumidor deve interromper o pagamento imediatamente.
Diante da quantidade de fraudes, especialistas alertam: a presença do nome Safe Pagamentos em qualquer fatura ou comprovante deve acender um sinal vermelho. Para evitar prejuízos, a recomendação é buscar as segundas vias diretamente nos sites oficiais das concessionárias e, em caso de golpe, registrar boletim de ocorrência, acionar o banco para bloqueio cautelar e informar os órgãos de defesa do consumidor.




