O governo confirmou nesta segunda-feira (1º) que os preços da soja apresentaram alta em agosto, tendência que deve se refletir em setembro e pressionar a cadeia de alimentos no Brasil. A oleaginosa, usada não só em óleos e derivados, mas também como base para ração animal, influencia diretamente o custo da carne, dos ovos e de outros itens da cesta básica.
Segundo dados do CEPEA, a saca de 60 quilos subiu em diversas regiões:
- Passo Fundo (RS): de R$ 132,00 para R$ 133,00;
- Cascavel (PR): de R$ 132,00 para R$ 134,00;
- Rondonópolis (MT): de R$ 121,00 para R$ 127,00;
- Porto de Paranaguá (PR): de R$ 137,00 para R$ 139,00.
No mercado internacional, os contratos futuros de soja com vencimento em novembro, negociados na Bolsa de Chicago (CBOT), acumularam valorização de 5,43% em agosto, encerrando a US$ 10,43 por bushel.

O que explica a alta
O avanço dos preços está ligado a dois fatores principais:
- Oferta: relatório do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) reduziu estimativas de safra e estoques americanos; a tradicional crop tour da Pro Farmer confirmou números ainda menores;
- Demanda: a China manteve forte procura por soja da América do Sul, mesmo diante de pressões do governo norte-americano para aumentar as compras dos EUA.
Além disso, a valorização do real frente ao dólar limitou parte dos ganhos para os produtores brasileiros, mas não impediu a escalada das cotações.
O aumento da soja afeta não apenas o óleo vegetal, mas também o preço de carnes, aves e ovos, já que grande parte da produção é destinada à ração animal. Analistas avaliam que, caso a tendência se mantenha em setembro, o consumidor final pode sentir os reflexos no supermercado já nas próximas semanas.
Perspectivas
Apesar dos cortes nas estimativas, o USDA ainda prevê que os EUA colherão uma safra robusta, o que pode conter altas mais acentuadas. No entanto, a disputa entre Estados Unidos e China deve seguir como fator de instabilidade para o mercado.
Enquanto isso, no Brasil, o cenário indica que produtores encontram boas oportunidades de venda, mas a pressão deve continuar no bolso do consumidor.