A rosa-de-Jericó (Anastatica hierochuntica), conhecida como “flor da ressurreição”, é uma das plantas mais fascinantes do mundo. Nativa de regiões áridas do norte da África e do Oriente Médio, ela sobrevive a longos períodos sem água, retraindo folhas e galhos até formar uma pequena bola seca que parece morta.
Mas basta o contato com a umidade para que a planta volte a abrir, revele folhas verdes e até flores delicadas. Esse mecanismo de tolerância extrema à desidratação atraiu a atenção de cientistas, paisagistas e curiosos.
“Ela se fecha para minimizar a perda de água por transpiração. Quando encontra umidade, se abre novamente, em um processo quase milagroso”, explica a paisagista Rayra Lira, da J Lira Green Life.
Simbolismo e espiritualidade
Mais do que resistência biológica, a rosa-de-Jericó carrega um forte simbolismo em diferentes culturas. Associada à renovação, esperança e proteção, é chamada também de “flor da imortalidade”.
Para cristãos, representa a ressurreição; para judeus, lembra a sobrevivência no deserto durante as peregrinações. Em comunidades populares, a planta aparece em simpatias ligadas à prosperidade, fertilidade e purificação de ambientes.
Seu chá já foi usado em rituais para gestantes e seu óleo essencial é procurado na aromaterapia. Muitas famílias a mantêm em casa acreditando que, quando aberta, absorve energias negativas e traz harmonia.
Ciência e mistério
Embora rodeada de lendas, a rosa-de-Jericó também é objeto de estudo da botânica. Pesquisadores analisam como suas células suportam hibernações de décadas sem perder a capacidade de germinar.
Segundo a engenheira agrônoma Sulaine Barbosa, o processo é único:
“Durante a abertura, sementes internas se soltam e germinam. Se faltar água, a planta fica fosca e seca; mas, ao se reidratar, retoma o aspecto saudável”.
A espécie já foi apontada como modelo para pesquisas em biotecnologia, especialmente em áreas ligadas à resistência de culturas agrícolas em períodos de seca.
Como cultivar em casa
Apesar de rara na natureza, a rosa-de-Jericó é vendida em floriculturas e pode ser cultivada em recipientes com água. Especialistas dão algumas dicas:
- Use um recipiente com cascalho no fundo para segurar a planta;
- Cubra com água e troque o líquido todos os dias;
- Prefira ambientes entre 26°C e 28°C e iluminação direta por algumas horas;
- Deixe-a na água por no máximo três dias, depois devolva ao estado seco para evitar mofo.
