Um paciente norte-americano com câncer de próstata em estágio terminal surpreendeu médicos e familiares ao alcançar a remissão completa da doença após um tratamento experimental desenvolvido pelo médico brasileiro Marc Abreu. Diagnosticado em 2021 com tumor metastático e expectativa de vida de apenas quatro meses, Scott Miller foi submetido ao chamado túnel térmico cerebral (BTT) e, em seis meses, já não apresentava sinais da doença.
Segundo Abreu, o procedimento consiste em induzir proteínas de choque térmico por meio de hipertermia controlada pelo cérebro, sem recorrer a radioterapia ou quimioterapia. O relato foi apresentado em 2023, durante o Congresso Anual da Society for Thermal Medicine, em San Diego, nos Estados Unidos.
Como funciona a técnica
O tratamento baseia-se no aumento controlado da temperatura cerebral, o que estimularia proteínas envolvidas na reparação celular. O médico brasileiro, formado pela Unifesp e ex-instrutor da Universidade de Yale, afirma que a técnica não só elimina o câncer, mas também neutraliza células-tronco cancerígenas e moléculas sinalizadoras responsáveis por recidivas.
Miller foi submetido a cinco sessões em Miami e relatou não ter sentido efeitos colaterais. “Meu radiologista disse que era como se eu nunca tivesse tido câncer”, afirmou o paciente.
Falta de comprovação científica
Apesar da repercussão, a comunidade científica adota postura cautelosa. Não há publicações revisadas por pares que comprovem a eficácia da BTT. Reportagem do Fantástico revelou ainda que o tratamento, oferecido na Flórida por cerca de R$ 200 mil por sessão, não possui validação científica e já foi alvo de denúncias de pacientes insatisfeitos.
Durante o congresso em que Abreu apresentou o caso, pesquisadores apontaram que as informações eram superficiais e insuficientes para confirmar uma cura. Até o momento, o médico publicou apenas quatro artigos científicos, nenhum deles diretamente sobre o túnel térmico cerebral.
O alerta dos especialistas
Oncologistas reforçam que o caso deve ser visto como um relato isolado e que novas pesquisas são essenciais. “Se não há publicação científica, não há evidência”, afirmam especialistas. Para eles, embora a inovação desperte esperança, o risco de explorar pacientes em situação vulnerável é alto.
Enquanto isso, entidades médicas recomendam que pacientes sigam protocolos já consolidados — como cirurgia, quimioterapia, radioterapia e imunoterapia — até que estudos robustos possam confirmar a eficácia da nova técnica.