Uma inovação científica publicada na última quinta-feira (4) na revista Nature Materials promete revolucionar diferentes áreas da tecnologia — e até dificultar a vida dos falsificadores. Pesquisadores da Universidade do Colorado, nos Estados Unidos, anunciaram a criação de um cristal do tempo visível a olho nu, algo inédito desde que esse conceito foi proposto, em 2012, pelo físico e Nobel Frank Wilczek.
Diferente de cristais convencionais, como diamantes ou sal, que têm estruturas geométricas fixas no espaço, os cristais do tempo apresentam padrões que se repetem no espaço e no tempo. Suas partículas entram em ciclos constantes, como se fossem engrenagens de um relógio que nunca precisa de bateria.
Embora já tivessem sido observados em experimentos anteriores, até hoje só eram visíveis por meio de equipamentos altamente sofisticados. A equipe liderada por Hanqing Zhao conseguiu dar um passo além ao desenvolver um material que pode ser visto até mesmo sem microscópio, em condições específicas.
Como funciona a descoberta
Para alcançar esse resultado, os cientistas utilizaram cristais líquidos, os mesmos presentes em telas de celulares e televisores. O composto foi colocado entre duas placas de vidro revestidas com corantes sensíveis à luz. Ao receber luminosidade, as moléculas mudavam de orientação, criando uma pressão que dobrava e movimentava o cristal líquido em ciclos constantes — mesmo quando havia alterações de luz ou temperatura.
Segundo os pesquisadores, o comportamento se manteve estável por horas, demonstrando a robustez do fenômeno. “Tudo nasce do nada. Basta acender a luz, e esse mundo de cristais do tempo emerge”, descreveu o professor Ivan Smalyukh, coautor do estudo.
Aplicações práticas
Além do impacto para a física quântica, a inovação abre espaço para usos práticos. Governos poderiam, por exemplo, inserir cristais do tempo em cédulas ou documentos oficiais. Ao iluminar o material, surgiria um padrão único impossível de falsificar.
Outras aplicações incluem sistemas de telecomunicações, dispositivos ópticos e até armazenamento de dados, já que diferentes combinações desses cristais podem gerar padrões extremamente complexos.
“Não queremos limitar as possibilidades. Há oportunidades para levar essa tecnologia em muitas direções”, afirmou Smalyukh.