A indústria automotiva brasileira pode estar prestes a ganhar um novo capítulo com a Lecar, startup fundada pelo capixaba Flávio Figueiredo Assis, que se autointitula o “Elon Musk brasileiro”. A empresa vem chamando atenção com a promessa de lançar veículos nacionais 100% elétricos movidos a energia gerada por etanol. O primeiro protótipo, batizado de Model 459, já foi flagrado em testes em Barueri (SP).
Apesar da comparação com a Tesla, a montadora ainda vive entre a expectativa e a desconfiança.
O Lecar 459 será apresentado oficialmente entre 22 e 30 de novembro, durante o Salão do Automóvel de São Paulo. Além dele, a marca promete uma picape, chamada Campo, e um SUV Tático. Todos com preço sugerido de R$ 159.300.
Segundo Assis, os veículos terão tração elétrica, mas a energia será gerada a partir de um motor 1.0 turbo flex, fornecido pela Horse Motors, em parceria com geradores da WEG. A ideia é combinar o apelo ambiental com o diferencial do etanol, combustível já consolidado no Brasil.
Fábrica, fornecedores e dúvidas
O projeto prevê uma fábrica em Sooretama (ES), com investimento de R$ 870 milhões — dos quais R$ 90 milhões já teriam sido aplicados. A produção está prevista para começar apenas em 2026.
Enquanto o fundador fala em apoio de grandes players como Renault, Toyota e GM, investigações apontam que a maioria das parcerias citadas ainda não se concretizou em contratos formais. Apenas WEG e Horse Motors confirmaram fornecimento oficial de componentes.
Ainda assim, a Lecar já inaugurou sua primeira concessionária em São Caetano do Sul (SP), numa estratégia de criar rede antes mesmo da produção em série.
Reconhecimento do governo
Em dezembro de 2024, a empresa foi habilitada no programa Mover (Mobilidade Verde e Inovação), do Governo Federal, que concede créditos fiscais a montadoras que apostam em tecnologias sustentáveis. O aval é visto como um passo importante para a credibilidade do projeto.
Sonho ou risco?
O empresário garante que, desta vez, o público poderá “tocar e dirigir” protótipos funcionais — e não apenas projeções digitais. Para ele, trata-se de um marco para resgatar o carro nacional, sonho que não se concretiza desde a Gurgel.
Resta saber se a Lecar conseguirá sair do campo das promessas e conquistar espaço num mercado dominado por multinacionais, ou se entrará para a lista de projetos ambiciosos que ficaram pelo caminho.