A popularização dos multivitamínicos, sobretudo após a pandemia de covid-19, levantou um alerta entre médicos e pesquisadores. Apesar da crença de que suplementos podem fortalecer o sistema imunológico, estudos mostram que o consumo indiscriminado pode ser prejudicial.
De acordo com o Australian Prescriber, vitaminas em excesso podem se tornar tóxicas, principalmente as chamadas lipossolúveis (A, D, E e K). Por permanecerem mais tempo no organismo, elas tendem a se acumular e causar efeitos adversos. Já as hidrossolúveis (complexo B e vitamina C), geralmente eliminadas pela urina, também oferecem riscos quando ingeridas em megadoses.
Sintomas da intoxicação
Os sinais de hipervitaminose variam conforme o nutriente.
- Vitamina A: descamação da pele, problemas hepáticos, perda de visão e, em casos graves, malformações fetais.
- Vitamina D: excesso de cálcio no sangue, lesões renais, convulsões e fraturas ósseas.
- Vitamina E: risco de hemorragias e maior mortalidade em longo prazo.
- Vitamina C: diarreia, náuseas e cálculo renal em uso prolongado.
O professor Hélio Vannucchi, da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (USP), reforça que nenhuma vitamina tem eficácia comprovada contra a covid-19 e que a suplementação deve ocorrer apenas mediante diagnóstico clínico de deficiência.
Grupos mais vulneráveis
Algumas populações têm maior risco de sofrer complicações:
- Bebês: fórmulas enriquecidas e suplementação materna podem elevar níveis perigosos de vitamina D.
- Gestantes: altas doses de vitamina A no início da gravidez estão associadas a defeitos cardíacos e neurológicos no feto.
- Idosos: a metabolização mais lenta pode intensificar os efeitos tóxicos, como confusão mental causada por vitamina D em excesso.
A dose certa
Segundo o Internal Medicine, a maioria das pessoas já consome a quantidade necessária de vitaminas pela alimentação. Exemplos comuns incluem:
- Vitamina A: laticínios, ovos e peixes;
- Vitamina B3: carnes como frango e boi;
- Vitamina D: exposição solar de 15 minutos ao dia e peixes gordurosos;
- Vitamina E: sementes, oleaginosas e óleos vegetais.
Assim, especialistas orientam que a suplementação só deve ser indicada por médicos após exames laboratoriais.