O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) surpreendeu aliados e opositores ao indicar Emmanoel Schmidt Rondon, funcionário de carreira do Banco do Brasil, para a presidência dos Correios. Ele substituirá Fabiano Silva dos Santos, ligado ao grupo Prerrogativas, que pediu demissão em julho, mas permaneceu no cargo até agora para conduzir a transição.
A escolha de Rondon será analisada pelo Comitê de Pessoas, Elegibilidade, Sucessão e Remuneração da estatal e, caso não haja impedimentos, será oficializada no Diário Oficial da União nos próximos dias. A decisão de Lula ignorou novamente as pressões do União Brasil, que buscava emplacar um nome político na chefia da empresa pública desde que assumiu o Ministério das Comunicações.
Perfil técnico em meio a disputa política
Economista formado pela UFF e com MBA pelo Ibmec, Rondon ingressou no Banco do Brasil em 2005. De perfil discreto, já ocupou cargos de analista, gerente e executivo, sendo responsável por produtos de crédito para pessoa jurídica e recebíveis. Sua indicação contou com apoio do ministro Rui Costa (Casa Civil), em meio a embates com Fernando Haddad (Fazenda) sobre a condução da estatal.
Correios enfrentam rombo bilionário
O novo presidente assumirá em um momento crítico. Apenas no segundo trimestre de 2025, os Correios acumularam prejuízo líquido de R$ 2,64 bilhões, quase cinco vezes maior do que no mesmo período do ano anterior. No primeiro semestre, o déficit chegou a R$ 4,37 bilhões, levantando temores de insolvência e da necessidade de aporte emergencial da União.
A crise tem origem na queda das receitas, sobretudo no segmento internacional, e no alto custo da universalização dos serviços postais — 89% das localidades atendidas não são lucrativas. Para tentar reverter o quadro, a empresa lançou a plataforma Mais Correios, voltada ao comércio eletrônico de pequenos empreendedores, mas os resultados ainda são incipientes.
Com a nomeação de Rondon, Lula aposta em um perfil técnico para tentar resgatar a estatal, considerada estratégica e símbolo do serviço público brasileiro, em um dos momentos mais delicados de sua história.