O Banco Mundial anunciou nesta terça-feira (23) que destinará até US$ 4 bilhões (cerca de R$ 21,2 bilhões) à Argentina nos próximos meses. O aporte combina recursos públicos e privados e foi comemorado pelo presidente Javier Milei como um fôlego para a economia em meio a um cenário de crise cambial e instabilidade política.
Segundo a instituição, o novo financiamento complementa um pacote de US$ 12 bilhões anunciado em abril. Em comunicado, o Banco Mundial destacou “forte confiança” nos esforços do governo Milei para modernizar a economia, atrair investimentos externos e gerar empregos.
Os recursos devem se concentrar em quatro áreas:
- desbloqueio da mineração e minerais críticos;
- estímulo ao turismo como motor de empregos e desenvolvimento local;
- expansão do acesso à energia;
- fortalecimento das cadeias de suprimento e do crédito para pequenas e médias empresas (PMEs).
Todas as operações, no entanto, ainda dependem da aprovação do Conselho de Diretores Executivos do Banco Mundial.
Intervenção no câmbio
O anúncio ocorre em meio à forte pressão sobre o peso argentino, que levou o dólar a ultrapassar o teto do regime de banda cambial. Para tentar conter a disparada da moeda americana, o Banco Central realizou intervenções no câmbio e endureceu regras sobre os bancos, mas as medidas tiveram efeito limitado.
A sinalização de apoio internacional ajudou a reduzir a tensão no mercado e trouxe algum alívio momentâneo à cotação do dólar.
Crise política ameaça reformas
Apesar do reforço financeiro, Milei enfrenta uma conjuntura política delicada. Sua irmã e secretária-geral da Presidência, Karina Milei, é alvo de denúncias de corrupção. Além disso, o governo sofreu derrotas em eleições locais em Corrientes e na província de Buenos Aires.
Analistas avaliam que as eleições legislativas de outubro funcionarão como um “referendo” sobre a atual gestão. Uma nova derrota pode enfraquecer a base política do presidente e comprometer a agenda de reformas estruturais.