Enquanto o presidente Luiz Inácio Lula da Silva discursava na abertura da 80ª Assembleia Geral da ONU, em Nova York, o Serviço Secreto dos Estados Unidos revelou ter neutralizado uma ameaça que poderia ter paralisado as telecomunicações da maior cidade americana. A operação ocorreu na véspera do encontro que reuniu mais de 150 chefes de Estado e de governo.
Segundo o Serviço Secreto, agentes localizaram mais de 300 servidores e 100 mil chips de celular espalhados em imóveis vazios e espaços alugados em Nova York, Nova Jersey e Connecticut, todos dentro de um raio de 56 km da sede da ONU.
A estrutura clandestina tinha capacidade para:
- derrubar torres de telefonia celular,
- bloquear chamadas de emergência (911),
- enviar até 30 milhões de mensagens de texto por minuto de forma anônima.
De acordo com as autoridades, o sistema poderia ter “silenciado” Nova York inteira em poucos minutos, impedindo até o acesso a aplicativos básicos como o Google Maps.
Uma ameaça global
A investigação começou após uma onda de “swatting” — falsos chamados de violência enviados a residências de autoridades americanas. O rastreamento levou à descoberta da rede, descrita como a maior já desmontada pelo Serviço Secreto.
Ainda não há prisões, mas a análise preliminar aponta indícios de envolvimento de cartéis, redes de tráfico humano, hackers e até governos estrangeiros.
“Os dispositivos poderiam ser usados por criminosos ou agentes de espionagem para desestabilizar serviços vitais. O risco não pode ser subestimado”, disse Sean Curran, diretor do Serviço Secreto.
Lula na ONU e encontros paralelos
No mesmo dia da revelação da operação, Lula cumpria agenda intensa em Nova York. Ele coordenou o evento “Em Defesa da Democracia e Contra o Extremismo”, ao lado dos presidentes do Chile, Gabriel Boric, e da Espanha, Pedro Sánchez. Também participou de reunião sobre clima com o secretário-geral da ONU, António Guterres, defendendo compromissos mais firmes rumo à COP30, marcada para Belém em 2025.
Nos bastidores da Assembleia, Lula teve ainda um breve encontro com o presidente dos EUA, Donald Trump. A conversa, segundo o Planalto, foi amistosa e abriu caminho para uma reunião mais ampla nas próximas semanas, em meio às tensões comerciais entre os dois países.
O alerta que fica
Embora a rede clandestina tenha sido desmontada, as autoridades americanas admitem que outras estruturas semelhantes podem estar ativas em diferentes partes dos Estados Unidos.
“O perigo foi contido em Nova York, mas é preciso estar preparado. O que vimos é só a ponta do iceberg”, alertou Matt McCool, chefe do Serviço Secreto em Nova York.