Muitos brasileiros respiraram aliviados nesta sexta-feira (26) ao ver a notícia de que a conta de luz vai ficar menos cara em outubro. A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) anunciou que a bandeira tarifária será vermelha patamar 1, mais barata que a vermelha patamar 2, em vigor desde agosto.
Mas a comemoração durou pouco: apesar da redução, as contas de energia seguirão com cobrança extra de R$ 4,46 para cada 100 kWh consumidos.
Na prática, a mudança significa apenas que a taxa adicional caiu de R$ 7,87 para R$ 4,46 a cada 100 kWh. Ou seja, a bandeira não voltou para o verde ou amarelo, mas continua no vermelho, sinal de condições desfavoráveis de geração de energia.
Segundo a Aneel, o principal motivo é o baixo volume de chuvas, que reduziu o nível dos reservatórios e forçou o acionamento das usinas termelétricas – mais caras e poluentes.
“Quando não há chuva suficiente, as hidrelétricas geram menos energia e precisamos das termelétricas. Esse custo maior é repassado ao consumidor por meio das bandeiras tarifárias”, explicou a agência.
Por que a conta de luz não cai de verdade
Mesmo com a bandeira menos pesada, a perspectiva para os próximos meses não é de alívio. A Aneel já projeta que a conta de luz terá reajuste médio de 6,3% em 2025, superando a inflação esperada de 5,05%.
Um dos fatores que pressiona a tarifa é o orçamento da Conta de Desenvolvimento Energético (CDE) – fundo setorial abastecido com cobranças embutidas nas contas de luz, multas e aportes do Tesouro. Em 2025, o valor da CDE será de R$ 49,2 bilhões, R$ 8,6 bilhões a mais que o previsto anteriormente.
Como funcionam as bandeiras tarifárias
Criado em 2015, o sistema de bandeiras da Aneel mostra o custo real da geração de energia:
- Verde – condições favoráveis, sem cobrança extra
- Amarela – R$ 1,88 a cada 100 kWh
- Vermelha patamar 1 – R$ 4,46 a cada 100 kWh
- Vermelha patamar 2 – R$ 7,87 a cada 100 kWh
A ideia é dar ao consumidor a chance de se planejar e economizar. Porém, na prática, a conta de luz brasileira segue pressionada por fatores estruturais, como a dependência das termelétricas em períodos de seca.