Durante 67 anos, a secretária Sylvia Bloom pegou o metrô todos os dias rumo ao escritório de advocacia Cleary Gottlieb Steen & Hamilton, em Nova York. Discreta e sem sinais de ostentação, ela viveu como uma mulher comum no Brooklyn. Mas, após sua morte, em 2016, aos 96 anos, familiares descobriram que a modesta secretária era, na verdade, uma milionária.
O patrimônio, estimado em US$ 9 milhões (cerca de R$ 48 milhões), foi doado quase integralmente a instituições de caridade, especialmente a programas de bolsas de estudo para jovens de baixa renda.
Bloom tinha um hábito peculiar: quando os advogados para quem trabalhava pediam para comprar ações, ela repetia a operação, mas em menor escala. Assim, ao longo de décadas, construiu uma carteira diversificada entre bancos e corretoras.
Segundo sua sobrinha e inventariante, Jane Lockshin, Bloom jamais mudou o estilo de vida. Em plena aposentadoria, já milionária, seguia usando transporte público e evitando qualquer extravagância. No dia dos atentados de 11 de setembro de 2001, por exemplo, aos 84 anos, ela retornou para casa de ônibus — não de táxi.

O legado de generosidade
Em testamento, Bloom destinou US$ 6,24 milhões (cerca de R$ 33 milhões) ao Henry Street Settlement, organização social centenária do Lower East Side, para financiar bolsas de estudo. Outros US$ 2 milhões foram repartidos entre a Hunter College e fundos educacionais.

A decisão emocionou a todos que a conheceram. “Ela sabia o quanto era difícil estudar sem dinheiro, porque também passou por isso. Por isso quis transformar a vida de jovens que precisam de oportunidades”, explicou Lockshin.
Um fenômeno silencioso
O caso de Sylvia Bloom se soma ao de outros norte-americanos que acumularam fortunas em silêncio para doar após a morte — como Ronald Read, zelador que deixou US$ 8 milhões para uma biblioteca, ou Grace Groner, secretária que transformou uma compra de US$ 180 em um patrimônio de US$ 7 milhões.
Histórias como a de Bloom revelam um traço em comum: a escolha de viver com simplicidade e usar a riqueza acumulada não para o luxo, mas para deixar um impacto duradouro na sociedade.