Quem observa a movimentada orla da Praia de Boa Viagem, no Recife (PE), dificilmente imagina que o mar, de águas claras e recifes, abriga um dos maiores perigos naturais do país: os ataques de tubarão. O local acumula mais de 60 ocorrências desde 1992, com cerca de 25 mortes confirmadas.
O estado de Pernambuco concentra o maior número de registros do país, especialmente no Grande Recife. As praias da região contam com placas de advertência, mas, ainda assim, casos continuam a ocorrer. Só em 2023, foram três ataques em menos de 20 dias, segundo a Agência Brasil.
De acordo com um levantamento do Museu de História Natural da Universidade da Flórida (EUA), o Brasil ocupou o quarto lugar no ranking mundial de ataques de tubarão em 2023, atrás apenas de Estados Unidos, Austrália e Nova Caledônia.
Por que tantos ataques em Recife?
Pesquisadores da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) apontam uma combinação de fatores que tornam a região mais vulnerável:
- Topografia costeira: um canal profundo próximo à faixa de areia facilita a entrada dos tubarões.
- Escassez de alimentos: a degradação ambiental afasta presas naturais e atrai tubarões para áreas rasas.
- Intervenções humanas: obras portuárias e despejo de esgoto alteram o equilíbrio ecológico.
Entre as espécies envolvidas nos incidentes está o tubarão-tigre, conhecido pelo comportamento agressivo e pela presença em águas tropicais.
Orientações para banhistas
Apesar do histórico preocupante, especialistas lembram que o risco pode ser reduzido com medidas preventivas:
- Evitar o mar em áreas sinalizadas.
- Não entrar na água ao amanhecer ou entardecer, horários de maior atividade dos tubarões.
- Evitar nadar sozinho e afastar-se de regiões próximas a canais ou desembocaduras de rios.
Boa Viagem segue sendo um dos principais cartões-postais de Recife, com hotéis, restaurantes e vida noturna movimentada. Para turistas e moradores, a recomendação é clara: aproveitar a orla, mas manter distância do mar.