Uma operação do governo de São Paulo apreendeu, nesta segunda-feira (29), 117 garrafas de bebidas sem rótulo e sem comprovação de procedência, suspeitas de adulteração com metanol. A ação ocorreu em bares e adegas nas regiões dos Jardins e da Mooca, na capital paulista.
Até o momento, a Secretaria da Saúde do Estado investiga pelo menos cinco mortes relacionadas a intoxicações pelo produto químico. Uma delas já foi confirmada pelo governador Tarcísio de Freitas (Republicanos). Outras quatro permanecem sob análise. Ao todo, 27 casos são acompanhados pelas autoridades, entre óbitos e hospitalizações.
O metanol é um álcool de uso industrial, encontrado em solventes, combustíveis, tintas e medicamentos. Apesar de semelhante ao etanol, usado em bebidas, é altamente tóxico e pode matar mesmo em pequenas quantidades.
“Os sintomas iniciais podem passar despercebidos”, alerta nota da Prefeitura de São Paulo. Entre eles estão visão turva, dor de cabeça intensa, náusea, tontura e rebaixamento do nível de consciência. Em casos graves, a intoxicação pode causar cegueira, falência de órgãos e morte.
Ações emergenciais
Segundo o governo estadual, só em setembro foram realizadas mais de 43 mil fiscalizações em comércios de bebidas e alimentos nos 645 municípios paulistas. Além disso, estabelecimentos suspeitos estão sendo interditados.
O Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP) também emitiu uma recomendação urgente a bares, restaurantes, hotéis, mercados e aplicativos de delivery para reforçar a compra segura e a rastreabilidade dos produtos.
A orientação é desconfiar de preços muito baixos, lacres tortos, erros de impressão nos rótulos ou odor semelhante a solvente. Em caso de suspeita, a recomendação é interromper a venda, isolar os produtos e acionar a Vigilância Sanitária, a Polícia Civil e o Disque-Intoxicação (0800 722 6001).
O que é bebida adulterada?
Bebida adulterada é aquela que teve sua composição modificada de forma ilegal, seja pela adição, substituição ou retirada de ingredientes. No caso do metanol, o risco é extremo: ele não pode ser adicionado a nenhuma bebida, já que não é próprio para consumo humano.
Pequenos traços podem surgir naturalmente no processo de fermentação, mas em níveis muito abaixo dos que representam risco à saúde. A adição deliberada, no entanto, transforma a bebida em veneno.
Como se proteger
- Compre bebidas apenas em estabelecimentos licenciados;
- Confira se o lacre da garrafa está intacto;
- Observe a qualidade da impressão do rótulo e eventuais erros de ortografia;
- Desconfie de preços muito abaixo da média;
- Se notar sintomas após consumir bebida alcoólica, procure atendimento médico imediatamente.
“Essa é uma crise que exige vigilância e responsabilidade compartilhada entre governo, empresas e consumidores”, disse o governador Tarcísio de Freitas ao anunciar um gabinete de crise para enfrentar a situação.