O Itaú confirmou que a agência localizada na avenida Tancredo Neves, no bairro do Caminho das Árvores, em Salvador, encerrará suas atividades em 5 de novembro. Inaugurada em 1992, a unidade de grande porte atende aproximadamente 20 mil correntistas e conta com 28 funcionários, que agora aguardam realocação.
O anúncio pegou trabalhadores e clientes de surpresa. Bancários realizaram um protesto em frente ao prédio nesta quarta-feira (17). “É uma agência tradicional, reformada recentemente e referência para pessoas físicas e jurídicas da região. A decisão trouxe indignação e perplexidade”, declarou Luciana Dória, diretora da Federação dos Bancários da Bahia e Sergipe.
O fechamento faz parte de uma reestruturação nacional do Itaú. Entre janeiro e julho de 2025, o banco demitiu 4.475 funcionários e fechou 197 agências, segundo dados apresentados ao Sindicato dos Bancários de São Paulo. Outras 28 unidades estão em processo de encerramento.
Apesar dos cortes, o Itaú registrou lucro líquido de R$ 11,5 bilhões no segundo trimestre deste ano, crescimento de 14,3% em relação a 2024. O banco argumenta que a redução da rede física acompanha a mudança de comportamento dos clientes, cada vez mais adeptos dos canais digitais.
Impacto nos clientes e críticas do sindicato
Com o fechamento, os correntistas da Tancredo Neves serão direcionados para a agência Iguatemi (0935). Para o sindicato, a justificativa do banco não considera a exclusão digital.
“A resposta é sempre a mesma: os clientes migraram para os canais virtuais. Mas sabemos que boa parte da população ainda não tem acesso ou familiaridade com essas ferramentas e prefere o atendimento presencial. Além disso, cresce o número de golpes virtuais, atingindo justamente os mais vulneráveis”, criticou Dória.
Protestos e tendência no setor bancário
A agência da Tancredo Neves será a quarta de grande porte a fechar em Salvador em 2025, depois de Brotas, Cabula e Imbuí, juntas responsáveis por mais de 70 mil clientes. No interior, cidades menores também enfrentam risco de ficar sem atendimento presencial.
O movimento não é exclusivo do Itaú. Em Chorrochó, por exemplo, a Justiça suspendeu o fechamento da única agência do Bradesco para garantir alternativas à população.
Enquanto os bancos reforçam o discurso de digitalização, sindicatos alertam para perda de empregos, precarização do atendimento e exclusão de aposentados e pessoas com menos acesso à tecnologia.