A chinesa Zhimin Qian, também conhecida como Yadi Zhang e apelidada de “rainha dos Bitcoins”, foi presa e se declarou culpada em Londres por adquirir e lavar recursos ilícitos. Entre 2014 e 2017, ela liderou um esquema que enganou mais de 128 mil investidores na China, prometendo retornos de até 300% em produtos financeiros fraudulentos.
Os valores foram convertidos em bitcoin e transferidos para o Reino Unido. Em 2018, a polícia britânica apreendeu 61 mil bitcoins em um imóvel em Hampstead, no norte de Londres. À época, o montante não chamava atenção, mas, com a valorização do ativo digital, hoje está avaliado em mais de £ 5 bilhões (cerca de R$ 36 bilhões) — a maior apreensão de criptomoedas já registrada no mundo.
Qian fugiu da China em 2017 com documentos falsos e passou anos vivendo no Reino Unido. Ela chegou a tentar lavar parte do dinheiro investindo em imóveis de luxo, mas foi descoberta após vigilância da Polícia Metropolitana.
A fraude internacional envolveu também assistentes e cúmplices. Jian Wen, uma das colaboradoras, já havia sido condenada em 2024 a mais de seis anos de prisão. Outro aliado, Seng Hok Ling, também se declarou culpado esta semana por participação no esquema.

Disputa pelo destino dos bilhões
Embora Qian tenha admitido os crimes, ainda resta uma batalha judicial sobre o destino da fortuna apreendida. O Tesouro britânico pressiona para manter os ativos no país, enquanto milhares de vítimas na China reivindicam não apenas o valor original investido — estimado em £ 640 milhões —, mas também os ganhos decorrentes da valorização do bitcoin.
Especialistas alertam que o processo pode se arrastar até 2027, com recursos de ambas as partes. Enquanto isso, os fundos seguem congelados pela Justiça.
O que vem pela frente
A sentença de Zhimin Qian está marcada para novembro. Ela pode pegar até 14 anos de prisão por lavagem de dinheiro. A extradição para a China é considerada improvável, já que não existe tratado de cooperação entre os dois países.
Enquanto isso, a apreensão recorde evidencia o tamanho do desafio global no combate ao crime financeiro digital. Segundo autoridades britânicas, o caso é “um dos maiores da história em valores movimentados por meio de criptomoedas”.