As autoridades de saúde e segurança de São Paulo intensificaram nesta semana as operações contra a venda de bebidas alcoólicas adulteradas com metanol. O governo estadual divulgou a lista de bares e estabelecimentos interditados, após a confirmação de cinco mortes relacionadas à intoxicação pela substância.
Entre os locais interditados está o Bar Ministrão, nos Jardins, região nobre da capital paulista. O dono, Zé Rodrigues, foi conduzido à delegacia e admitiu ter comprado bebidas de vendedores de rua sem nota fiscal, mas negou ter comercializado produtos falsificados.
Outros bares na Mooca (zona leste) e em São Bernardo do Campo (Grande SP) também foram interditados, além de minimercados e distribuidoras em bairros como Planalto Paulista e M’Boi Mirim. Nesta quarta-feira (1º), novas operações atingiram dois bares na Bela Vista e outros dois em Barueri, na Grande São Paulo.
Casos em investigação
O estado já soma 22 ocorrências suspeitas, sendo sete confirmadas e 15 em apuração. Entre elas, estão as cinco mortes atribuídas ao consumo de bebida adulterada. Em Pernambuco, três casos suspeitos também foram registrados, com dois óbitos.
As vítimas relataram ter ingerido vodcas e gins importados, que, mesmo lacrados, estavam contaminados com metanol — um solvente tóxico usado indevidamente na falsificação de bebidas.
Fábrica clandestina desmontada
Além das fiscalizações em bares e mercados, a Polícia Civil localizou em Americana (SP) uma fábrica clandestina de bebidas alcoólicas. No local, foram apreendidos 17.790 produtos falsificados, incluindo whisky, gin e vodca. Duas pessoas foram presas.
Somente na capital paulista, mais de 800 garrafas sem procedência foram recolhidas em dois dias de operações.
Segundo o Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro), o consumo de metanol pode causar cegueira, falência renal, parada cardiorrespiratória e morte.
O governador Tarcísio de Freitas afirmou que o estado está em alerta máximo e reforçou que “quem compra de distribuidores clandestinos coloca em risco a própria vida e a de seus clientes”.
Escala do problema
Uma pesquisa da Fhoresp (Federação de Hotéis, Restaurantes e Bares do Estado de São Paulo) divulgada em abril aponta que 36% das bebidas comercializadas no Brasil apresentam algum tipo de fraude, falsificação ou contrabando.
As autoridades recomendam que os consumidores adquiram bebidas apenas em locais de confiança e desconfiem de preços muito abaixo do mercado.