O Partido dos Trabalhadores (PT) estuda lançar um nome inusitado para a disputa ao Senado em 2026 pelo Rio de Janeiro: o sambista Neguinho da Beija-Flor, de 76 anos, ícone da escola de Nilópolis. A ideia é liderada por Washington Quaquá, vice-presidente nacional da legenda e prefeito de Maricá (RJ), que já confirmou articulações para filiar o intérprete histórico ao partido.
Quaquá afirmou que a presença de Neguinho pode ampliar o alcance da sigla nas comunidades e periferias fluminenses, tradicionalmente disputadas por bolsonaristas. “Ele é a nova fronteira da esquerda no Rio. Um cara do povo, querido, que vai abrir portas na zona oeste, nas favelas, na Baixada. O melhor candidato ao Senado é o Neguinho”, declarou o dirigente.
Luiz Antônio Feliciano Marcondes, o Neguinho da Beija-Flor, encerrou em 2025 sua trajetória como voz oficial da escola de samba após décadas de protagonismo no Carnaval carioca. A aposentadoria da Sapucaí, no entanto, pode abrir espaço para um novo palco: o Congresso Nacional.

O PT pretende que sua candidatura faça frente direta a Flávio Bolsonaro (PL-RJ), que buscará a reeleição. Internamente, dirigentes defendem que o carisma e a popularidade do sambista seriam diferenciais decisivos numa disputa marcada pela polarização.
Há, no entanto, um desafio: a deputada federal Benedita da Silva (PT-RJ) já lançou pré-campanha ao Senado. Quaquá, contudo, tem argumentado que a parlamentar teria um “teto” eleitoral limitado, enquanto Neguinho poderia atrair setores mais amplos da população.
Relação com Lula e futuro eleitoral
Neguinho mantém uma relação antiga com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Em 2009, convidou o petista para ser padrinho de seu casamento. Apesar de um episódio que estremecia a amizade — uma paródia sobre o triplex do Guarujá — os dois se reconciliaram em 2022. Agora, Lula seria peça-chave na consolidação da candidatura do sambista.
Enquanto viaja com Quaquá por Portugal, Neguinho ainda evita declarações diretas, mas já apareceu em vídeos sorridente ao lado do prefeito de Maricá. “Ele está maturando a ideia como um bom vinho”, brincou o dirigente petista, que já encomendou pesquisas qualitativas e quantitativas para medir a força do nome nas urnas.
Caso a pré-candidatura se confirme, Neguinho pode ser o primeiro sambista a ocupar uma cadeira no Senado Federal, levando o ritmo da avenida para os corredores de Brasília.