Planejar a aposentadoria continua sendo um desafio para a maioria dos brasileiros. De acordo com levantamento do Instituto Opinion Box, 64% dos aposentados afirmam que o valor recebido é insuficiente para manter o padrão de vida, enquanto 37% admitem que não se prepararam financeiramente para esse período.
A falta de planejamento é o principal fator que leva ao aperto nas contas. Segundo a pesquisa, 23% dos trabalhadores que estão prestes a se aposentar ainda não começaram a se organizar, e 41% se planejam apenas parcialmente. A consequência é um cenário em que 12,7 milhões de pessoas acima dos 60 anos enfrentam algum tipo de endividamento, conforme dados do Serasa.
“É fundamental que o trabalhador que se aproxima da aposentadoria faça um planejamento financeiro detalhado, prevendo ganhos e gastos futuros. Para quem já recebe o benefício, o controle das despesas é essencial para evitar desequilíbrio”, explica Thiago Ramos, especialista em educação financeira da Serasa.
Saúde e alimentação lideram os gastos dos aposentados
Entre as principais despesas que mais pesam no bolso dos aposentados estão alimentação (69%) e saúde (49%), incluindo planos e medicamentos. Para quem recebe um salário mínimo, o cenário é ainda mais preocupante — o gasto com remédios chega a 70% da renda mensal, segundo a pesquisa.
Mesmo com a liberação antecipada do 13º salário, boa parte dos beneficiários deve usar o dinheiro extra para pagar dívidas e cobrir custos básicos. O Serasa estima que R$ 67,6 bilhões sejam injetados na economia com essa medida, mas o impacto real no orçamento familiar tende a ser limitado.
De acordo com Fernando Lamounier, educador financeiro e diretor de consórcios, o baixo valor médio pago pelo INSS (R$ 2.006) é insuficiente para suprir as necessidades da maioria dos aposentados. “Cerca de 40% dos brasileiros ainda acreditam que conseguirão viver apenas com o benefício do INSS, o que é um equívoco perigoso”, alerta.
Como evitar que as despesas corroam a renda
Para sair do endividamento, especialistas orientam que o primeiro passo é reconhecer a situação financeira e montar um orçamento detalhado. É importante listar gastos essenciais — como aluguel, água, luz, gás e medicamentos — e priorizar o pagamento dessas contas antes de qualquer outra despesa.
A renegociação de dívidas e a eliminação de custos desnecessários também ajudam a aliviar o orçamento. Segundo Lamounier, “o ideal é começar a poupar, mesmo que pouco, e reavaliar despesas que não são indispensáveis”.
O colunista Robert Berger, do site Business Insider, reforça que algumas despesas podem ser naturalmente reduzidas após a aposentadoria — como gastos com deslocamento, contribuições para poupança previdenciária e seguros de vida. “Embora nem todos consigam eliminar esses custos, pequenas reduções podem fazer uma grande diferença a longo prazo”, afirma.
Aposentadoria exige mais que descanso — exige estratégia
O cenário atual mostra que a aposentadoria no Brasil está longe de ser sinônimo de tranquilidade financeira. Com aumento nos custos de vida, queda na renda e alta no preço dos medicamentos, o desafio de equilibrar as contas é cada vez maior.
Para os especialistas, o segredo está no planejamento antecipado e na disciplina financeira. Como resume Thiago Ramos, “aposentar-se não é apenas parar de trabalhar — é aprender a administrar o próprio futuro com consciência e preparo”.