Cuidar de crianças pode ser uma das profissões mais antigas do mundo — mas, no topo da pirâmide social, essa função ganhou status, glamour e salários que rivalizam com cargos executivos. As chamadas babás de luxo, conhecidas internacionalmente como nannies, podem faturar até R$ 35 mil por mês, além de benefícios como moradia, plano de saúde e viagens com as famílias empregadoras.
O fenômeno acompanha o crescimento do número de “ultra-ricos”, grupo que reúne pessoas com fortunas acima de US$ 30 milhões. Segundo levantamento da Wealth-X, são cerca de 420 mil indivíduos nessa categoria no mundo, representando menos de 0,003% da população global, mas concentrando parte significativa da riqueza planetária.
De acordo com o portal norte-americano Care.com, o valor médio pago a babás em tempo integral nos Estados Unidos é de US$ 22,50 por hora — o que representa mais de US$ 4 mil mensais. Em casos de famílias milionárias, os salários podem ultrapassar US$ 6 mil mensais (cerca de R$ 35 mil).
Além do valor fixo, essas profissionais costumam receber benefícios como moradia, alimentação, plano de saúde, férias pagas e passagens aéreas em viagens internacionais. Algumas chegam a dirigir carros de luxo da família, frequentar eventos sociais e até acompanhar as crianças em aulas particulares de alto padrão.
Empresas especializadas em atender esse público, como a Quintessentially e a Knightsbridge Circle, de Londres, cobram entre US$ 50 mil e US$ 75 mil por ano (R$ 280 mil a R$ 420 mil) para fornecer profissionais e serviços sob medida a clientes bilionários.
Formação e especialização: o que é exigido
Para alcançar os salários mais altos, não basta gostar de crianças. As babás de luxo precisam ter formação em pedagogia, enfermagem infantil ou psicologia, além de fluência em inglês e outros idiomas, certificações em primeiros socorros e desenvolvimento infantil e, de preferência, experiência internacional.
Segundo a agência britânica Nanny & Butler, uma nanny “premium” precisa ser capaz de:
- Planejar rotinas pedagógicas personalizadas;
- Gerenciar horários e viagens infantis;
- Coordenar com professores, terapeutas e instrutores;
- Demonstrar etiqueta, discrição e postura profissional impecável.
Agências no Brasil, como a Nanny Brasil e a Au Pair Elite, já oferecem cursos de formação e certificação internacional para quem deseja ingressar nesse mercado.
A rotina de uma babá milionária
A americana Stephanie Kiser, por exemplo, mudou-se para Nova York em 2014 sonhando em ser roteirista, mas acabou passando sete anos como babá de famílias bilionárias. Em depoimento à CNBC, ela contou que chegou a ganhar US$ 110 mil por ano, cerca de R$ 600 mil na cotação atual, durante a pandemia.
Em autobiografia Wanted: Toddler’s Personal Assistant, Kiser relata ter acompanhado crianças em aulas de alfabetização de US$ 500 por hora, dirigido Porsches e Mercedes para tarefas diárias e passado temporadas nos Hamptons, uma das regiões mais exclusivas dos Estados Unidos.
Apesar dos altos ganhos, a ex-babá afirma que a função exige resistência emocional e total dedicação. “É uma profissão sem horário fixo, em que o contrato é o único instrumento de proteção, já que não há departamento de RH ou leis específicas para essas relações”, contou Kiser.