Depois do recente surto de metanol em bebidas alcoólicas que acendeu o alerta para os riscos do consumo de produtos adulterados, uma nova preocupação surge no Brasil: a contaminação do leite. A Polícia Militar Ambiental de Marília (SP) deflagrou, na última sexta-feira (3), a Operação “Lac Purum”, que revelou um esquema de adulteração de leiteem propriedades rurais da região centro-oeste paulista.
A ação, realizada em parceria com a Defesa Agropecuária de Campinas e o GAEMA (Grupo de Atuação Especial de Defesa do Meio Ambiente) do Ministério Público de São Paulo, mobilizou 42 policiais militares, seis agentes da Defesa Agropecuária e 15 viaturas.
Durante o cumprimento de 10 mandados de busca e apreensão em propriedades e residências nos municípios de Assis, Oscar Bressane, Lutécia e Platina, os agentes encontraram 200 litros de leite com suspeita de adulteração, que foram coletados para análise laboratorial.
Leite com produtos químicos
Segundo as investigações, substâncias químicas estariam sendo adicionadas ao leite para mascarar a baixa qualidade do produto — prática que pode tornar a bebida tóxica e imprópria para o consumo humano. O capitão PM Rafael, que comandou a operação, afirmou que o foco é “garantir a segurança alimentar e combater práticas criminosas que colocam em risco a saúde pública”.
“Há fortes indícios de que compostos não permitidos estavam sendo utilizados para disfarçar irregularidades na produção. Esse tipo de fraude é grave e pode causar danos à saúde da população”, destacou o oficial.
Além do leite suspeito, os policiais apreenderam cinco armas de fogo — de calibres .22, .28, .32 e .38 — e 113 munições, algumas já deflagradas. As autoridades também registraram infrações ambientais durante as diligências.
Um dos autuados foi multado em R$ 8.450 por impedir a regeneração de vegetação nativa em área de preservação permanente. Outra propriedade recebeu autuação por irregularidades no manejo de gado, segundo informou a Defesa Agropecuária.
Investigações continuam
A operação faz parte da Carta de Serviços do Policiamento Ambiental, que visa reforçar a segurança rural e o combate a crimes ambientais ligados ao agronegócio. As amostras de leite apreendidas foram enviadas para análise laboratorial, e os resultados devem confirmar o tipo de substância usada na adulteração.
O Ministério Público e o GAEMA seguem investigando o caso para identificar todos os envolvidos e determinar a extensão dos danos à saúde pública e ao meio ambiente.
Um novo alerta alimentar
O caso ocorre em meio à repercussão nacional do surto de envenenamento por metanol detectado em bebidas alcoólicas vendidas irregularmente no Brasil, que já causou vítimas fatais em diferentes estados. Assim como o metanol, a adulteração do leite expõe lacunas na fiscalização de produtos alimentícios e reforça a necessidade de maior vigilância sobre cadeias produtivas essenciais.
Especialistas em segurança alimentar alertam que fraudes desse tipo — motivadas por lucro rápido e redução de custos — podem ter efeitos graves à saúde, incluindo intoxicação aguda, distúrbios gastrointestinais e problemas neurológicos.