Durante uma audiência no Senado Federal, o ministro da Defesa, José Múcio Monteiro (PRD), gerou intensa repercussão ao afirmar que generais das Forças Armadas se aposentam recebendo “apenas R$ 24 mil”. A fala, feita em 30 de setembro, foi vista como uma tentativa de sensibilizar o público quanto à situação dos oficiais de alta patente, mas acabou provocando revolta entre militares de baixa patente e grande parte da população.
“Sabe quanto ganha um general depois de 50 anos de serviço? Vai para casa com R$ 24 mil. A única coisa que conseguiu foi uma casa, um carro e educar os filhos”, declarou o ministro.
A afirmação foi recebida com aplausos por alguns senadores, mas causou indignação entre praças, sargentos e cabos, que consideraram a fala “desconectada da realidade”. Muitos lembraram que o salário médio de um militar de baixa patente não chega a R$ 5 mil e que muitos precisam trabalhar em aplicativos, vender produtos ou fazer bicos para complementar a renda.
Reações dentro e fora dos quartéis
A fala de Múcio foi amplamente debatida nas redes sociais e em fóruns de militares. Comentários ironizando o suposto “sofrimento” dos generais se multiplicaram.
Um sargento da reserva desabafou:
“Se está difícil para quem ganha R$ 24 mil, imagina para quem recebe R$ 3 mil e tem que sustentar uma família inteira?”
Outro militar foi direto:
“A cada transferência, o general ganha mais de R$ 150 mil em indenizações. É difícil acreditar que passem necessidade.”
A insatisfação escancarou o abismo entre a alta cúpula e a base das Forças Armadas — uma estrutura marcada por privilégios, como moradias funcionais, diárias, ajudas de custo e cargos em estatais que frequentemente ultrapassam o teto constitucional.
Um contraste com a realidade dos aposentados brasileiros
As declarações do ministro também chamaram atenção fora da caserna, especialmente entre aposentados e trabalhadores do INSS, que convivem com benefícios muito menores.
Atualmente, 70% dos aposentados recebem apenas um salário mínimo (R$ 1.518). Em contrapartida, generais e oficiais da reserva acumulam proventos que ultrapassam dez vezes esse valor.
Segundo o DIEESE, o salário mínimo necessário para uma família viver com dignidade em 2025 seria de cerca de R$ 6 mil, valor muito distante da realidade da maioria dos brasileiros.
“Enquanto um general reclama de receber R$ 24 mil, milhões de idosos sobrevivem com R$ 1.518 e ainda precisam escolher entre comprar remédio ou comida”, comentou uma internauta em tom de crítica.