Nos últimos dias, diversos clientes da Caixa Econômica Federal relataram nas redes sociais que conseguiram fazer transferências via Pix mesmo sem saldo na conta, chegando a valores de até R$ 1.453,23. O recurso, porém, não é um benefício do banco, e sim uma forma de usar o limite do cartão de crédito como dinheiro, por meio de aplicativos parceiros e carteiras digitais.
Na prática, o cliente faz um Pix a partir do cartão de crédito. O valor é transferido imediatamente para a conta desejada, e a cobrança aparece depois na fatura do cartão, como uma compra comum. Dependendo da plataforma, é possível até parcelar o valor.
Essa modalidade, que vem crescendo entre usuários de bancos digitais, funciona como um adiantamento de limite — útil em emergências, mas com custos. As taxas variam entre 3% e 8%, o que pode encarecer a transação se o pagamento for parcelado.
Caixa alerta: não use apps desconhecidos
Apesar da popularização, a Caixa não realiza Pix diretamente do limite do cartão em seu aplicativo oficial. Por isso, quem optar por usar o serviço deve redobrar a atenção. O banco recomenda usar apenas plataformas conhecidas e seguras, além de evitar o compartilhamento de senhas ou dados pessoais.
Também é importante desconfiar de mensagens que prometem Pix “gratuito” ou “automático”, já que golpes do tipo têm se multiplicado.
Pix parcelado deve ser regulamentado
O Banco Central prepara regras para padronizar o Pix parcelado — modalidade já oferecida por ao menos dez instituições financeiras. A nova regulamentação deve entrar em vigor ainda este mês e promete dar mais transparência ao serviço, que hoje varia bastante entre bancos.
Existem duas formas de Pix parcelado:
- Via empréstimo pessoal, com parcelas debitadas da conta do cliente;
- Via cartão de crédito, com o valor cobrado na fatura, podendo ter taxas ou IOF.
Em ambos os casos, trata-se de uma operação de crédito com juros, e não de um Pix comum.
Para o advogado Thiago Amaral, especialista em meios de pagamento, o Pix parcelado é “um empréstimo bancário disfarçado” e deve ser tratado com cuidado. “O consumidor precisa avaliar o valor final da operação, porque os juros podem tornar o parcelamento mais caro do que uma compra à vista”, alerta.
O Pix e o futuro dos pagamentos
Desde o lançamento, em novembro de 2020, o Pix movimentou R$ 76,2 trilhões em mais de 176 bilhões de transações. O recorde ocorreu em 6 de junho de 2025, com 276,7 milhões de transferências em um único dia.
Com a chegada do Pix parcelado regulamentado, a expectativa é que mais de 60 milhões de brasileiros sem acesso ao crédito tradicional possam se beneficiar do sistema — desde que com planejamento e responsabilidade.