O Banco Central (BC) anunciou um adiamento na regulamentação do Pix Parcelado, uma das funcionalidades mais aguardadas do sistema de pagamentos instantâneos. Prevista para setembro, a norma deve ser publicada apenas na última semana de outubro, segundo comunicado da autarquia feito durante reunião do Fórum Pix.
A nova função permitirá que os brasileiros parcelem pagamentos via Pix — inclusive aqueles que não possuem limite de cartão de crédito —, tornando possível dividir compras diretamente a partir do saldo em conta.
Na prática, o Pix Parcelado funcionará de forma semelhante ao parcelamento com juros do cartão de crédito, mas com uma diferença importante: quem recebe o valor terá acesso imediato ao total pago, enquanto o comprador poderá quitá-lo em parcelas.
O BC acredita que a ferramenta ampliará o acesso ao crédito, especialmente entre os 60 milhões de brasileiros que não possuem cartão de crédito, segundo dados da Abecs e do próprio Banco Central.
“O Pix parcelado chega como uma alternativa prática e acessível para o consumidor que deseja dividir o pagamento de suas compras”, avalia Felipe Storch Damasceno, economista-chefe do Ibef-ES. “Diferentemente do cartão, ele permite parcelar valores de forma imediata, diretamente pelo saldo em conta, beneficiando quem não tem limite ou enfrenta restrições de crédito.”
Vantagens e cuidados
De acordo com Leonardo Gomes, CEO da fintech capixaba Paytime, o Pix Parcelado traz mais flexibilidade e rapidezao consumidor e segurança imediata ao vendedor.
“Enquanto o recebedor tem acesso ao valor total na hora, o pagador pode dividir o pagamento em até 24 vezes, dependendo da instituição”, explica.
No entanto, especialistas alertam para a necessidade de cautela. “Apesar da praticidade, o parcelamento pelo Pix é uma forma de crédito e pode comprometer o orçamento futuro, caso o consumidor acumule várias compras dessa forma”, ressalta Damasceno.
Pix Parcelado x Cartão de Crédito
A nova modalidade deve concorrer diretamente com o cartão de crédito, sobretudo em compras de menor valor.
Para Damasceno, o cartão ainda seguirá relevante por oferecer benefícios como até 40 dias para pagar a fatura sem juros e programas de milhas e cashback.
Mesmo assim, o economista prevê uma pressão natural sobre o uso do crédito tradicional. “Consumidores sem limite poderão recorrer ao Pix Parcelado como saída para o dia a dia, o que pode reduzir o uso do cartão em alguns nichos”, afirma.
Próximos passos
O Banco Central informou que a primeira etapa da regulação, prevista para o fim de outubro, trará as diretrizes básicaspara padronizar o produto e garantir segurança e transparência nas operações.
Em dezembro, o BC deve divulgar os procedimentos operacionais completos, incluindo regras sobre contratação do crédito, cobrança e pagamento das parcelas.
Enquanto isso, as soluções privadas de parcelamento via Pix já oferecidas por bancos e fintechs seguirão operando normalmente, desde que respeitem as normas vigentes.