Desde que a novela voltou ao ar, uma pergunta voltou a dominar as rodas de conversa e as redes sociais: quem matou Odete Roitman? A dúvida reacendeu teorias, enquetes e até “bolões” entre os fãs. Mas, em tempos de explosão das apostas esportivas no país, muitos se perguntam: seria possível apostar oficialmente no desfecho do crime mais famoso da teledramaturgia brasileira?
A resposta é não. As plataformas de apostas — conhecidas como bets — estão proibidas de abrir mercados ligados ao entretenimento no Brasil. Isso significa que eventos como o Oscar, o Big Brother Brasil, a A Fazenda, o Carnaval e até eleições não podem ser usados para apostas com dinheiro.
A restrição está prevista na regulamentação das apostas, que entrou em vigor em janeiro de 2025. Segundo a norma, apenas competições esportivas e jogos de resultado imprevisível, mas verificável publicamente, podem gerar apostas válidas. No caso de novelas ou reality shows, parte da equipe de produção — como autores e roteiristas — já conhece o resultado, o que inviabiliza a integridade do mercado.
“Permitir apostas em um desfecho conhecido por algumas pessoas criaria risco de manipulação e perda de credibilidade para o setor”, explica Leonardo Henrique Roscoe Bessa, consultor do Conselho Federal da OAB e especialista em direito de apostas.
Mesmo assim, a Globo, detentora da trama, criou uma enquete interativa em seu site e programas de TV para que o público vote em quem acredita ser o assassino. Diferente de uma aposta, a iniciativa não envolve prêmios ou valores — é apenas uma ação de engajamento.
Mercado das bets
A ausência de apostas sobre o tema chama atenção porque o mercado de bets passa por um momento de grande expansão no Brasil. Grandes grupos de mídia entraram oficialmente no setor após a regulamentação: a Globo com a BetMGM, o SBT com a Todos Querem Jogar (TQJ) e a Band com a BandBet.
Mesmo com essa aproximação, a legislação continua impondo limites claros entre entretenimento e apostas, permitindo patrocínios e ações publicitárias, mas vetando qualquer mercado de resultados baseados em roteiros, votações ou decisões editoriais.