A fila de espera do INSS voltou a preocupar: segundo dados de agosto de 2025, há 2,6 milhões de requerimentos pendentes de análise no órgão. O número mais que dobrou em relação a agosto de 2024, quando 1,1 milhão de brasileiros aguardavam a liberação de aposentadorias, pensões e auxílios.
O tempo médio de concessão dos benefícios está em 42 dias, mas há casos que se arrastam por meses, especialmente os que dependem de perícia médica. Especialistas alertam que o avanço da fila representa não apenas um gargalo administrativo, mas também uma crise social e econômica, que afeta diretamente quem depende do benefício para sobreviver.
“A demora atual não é apenas uma questão burocrática, mas uma crise que atinge milhões de brasileiros. Greves, paralisações e falhas no sistema agravaram o problema”, explica o advogado Ruslan Stuchi, especialista em Direito Previdenciário.
O cenário se agravou após o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) suspender, por falta de recursos, o Programa de Gerenciamento de Benefícios (PGB) — principal iniciativa do governo para reduzir a fila de espera.
O programa, criado em abril e transformado em lei em setembro, pagava bônus financeiros a servidores que analisassem mais processos do que a meta diária. De acordo com o presidente do INSS, Gilberto Waller Jr., a suspensão foi necessária porque faltou verba no orçamento. Ele solicitou ao Ministério da Previdência uma suplementação de R$ 89,1 milhões para retomar as atividades.
Com a interrupção, o órgão determinou que nenhuma nova tarefa seja concluída pelo sistema de “análise extraordinária”. Todos os processos pendentes voltam agora para a fila comum de processamento, o que deve aumentar ainda mais o tempo de espera.
Lula prometeu zerar fila, mas número quase triplicou
Quando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva assumiu o governo, em janeiro de 2023, cerca de 1,5 milhão de brasileiros aguardavam resposta do INSS. Desde então, o número subiu para quase 3 milhões, segundo dados internos do órgão.
A paralisação de peritos médicos, a greve de servidores, e as falhas nos sistemas de análise contribuíram para o aumento. Além disso, o ritmo de contratações de novos servidores e de modernização digital ficou abaixo do esperado.
O que o governo diz
Em nota, o INSS afirmou que a suspensão do PGB é temporária e preventiva, para “preservar a integridade orçamentária do programa” e garantir que os pagamentos aos servidores sejam feitos corretamente. O órgão também diz trabalhar “em articulação com o Ministério da Previdência para recompor o orçamento e retomar o programa o quanto antes”.
Dicas para quem está na fila
Advogados previdenciários orientam que quem aguarda resposta:
- Acompanhe o pedido pelo app ou site “Meu INSS”;
- Fique atento a exigências de documentos, que costumam travar o processo;
- Caso o benefício esteja parado há mais de 45 dias, é possível registrar reclamação na Ouvidoria do INSS ou até recorrer à Justiça Federal.