A relação entre tipo sanguíneo e longevidade vem despertando o interesse de cientistas há décadas. Agora, uma pesquisa conduzida no Japão reacendeu o debate ao apontar que pessoas com tipo sanguíneo B aparecem com mais frequência entre os centenários.
O estudo, publicado na National Library of Medicine (EUA), comparou a distribuição dos tipos sanguíneos de 269 pessoas com mais de 100 anos, residentes em Tóquio, com a de 7.153 moradores da mesma região. Os resultados chamaram atenção: quase 30% dos centenários tinham sangue tipo B, enquanto no grupo de controle esse percentual foi de apenas 22%.
Segundo os pesquisadores, os dados indicam que o tipo B pode estar associado a um envelhecimento mais lento e a uma expectativa de vida maior. Essa hipótese reforça descobertas anteriores que já sugeriam uma possível vantagem biológica entre indivíduos desse grupo sanguíneo.
O que torna o tipo B diferente?
No sistema ABO, pessoas com sangue tipo B possuem o antígeno B nas hemácias e produzem anticorpos contra o antígeno A. Apenas cerca de 10% da população mundial pertence a esse grupo, o que o torna relativamente raro.
Pesquisas conduzidas por Tony Wyss-Coray, da Universidade de Stanford, indicam que certos marcadores presentes no sangue podem influenciar o ritmo do envelhecimento. Estudos de 2004, liderados por Shimizu e colaboradores em Tóquio, já haviam apontado que o tipo B estava relacionado a mecanismos mais eficientes de reparo celular e melhor adaptação ao estresse metabólico, fatores que podem contribuir para uma vida mais longa.
Apesar das possíveis correlações com a longevidade, especialistas ressaltam que pessoas com sangue tipo B não estão livres de riscos à saúde. Pesquisas indicam uma leve tendência a maior vulnerabilidade cardiovascular nesse grupo, embora hábitos saudáveis — como alimentação equilibrada e prática regular de exercícios — possam reduzir essa propensão.
O sangue como indicador do envelhecimento
Estudos recentes também vêm explorando o sangue como uma espécie de “mapa biológico” do envelhecimento. Em uma análise com mais de 5 mil voluntários, cientistas avaliaram os níveis de 4 mil proteínas para medir a idade biológica de 11 órgãos diferentes. Os resultados mostraram que cerca de 20% das pessoas apresentam envelhecimento acelerado em pelo menos um órgão, o que reforça a importância de observar o sangue como indicador de vitalidade.
Embora ainda não haja consenso sobre o impacto direto do tipo sanguíneo na longevidade, as descobertas japonesas acrescentam uma nova peça ao quebra-cabeça da biologia do envelhecimento — e ajudam a explicar por que entre os que chegam aos 100 anos, o tipo B parece ter uma presença marcante.