Pesquisadores da Universidade do Arizona, nos Estados Unidos, anunciaram avanços que aproximam a ficção científica da realidade: segundo um estudo publicado no The Astrophysical Journal Letters, é possível detectar luas potencialmente habitáveis — semelhantes a Pandora, do filme Avatar — orbitando planetas fora do Sistema Solar.
A equipe utilizou uma técnica chamada astrometria, capaz de medir pequenas oscilações na posição de estrelas, o que pode revelar a presença de luas com massa suficiente para reter atmosfera e até oceanos. Os cientistas acreditam que, com essa abordagem, será possível identificar corpos celestes com condições de abrigar vida em sistemas próximos ao Sol.
“Essa é uma nova janela de observação. Pela primeira vez, temos meios para detectar exoluas com características que lembram Pandora”, afirmaram os autores do estudo.
Apesar de cerca de 5 mil exoplanetas já confirmados, nenhuma exolua foi identificada de forma definitiva até hoje. Isso se deve à extrema dificuldade de observação: os sinais de uma lua são muito mais sutis que os de um planeta, exigindo equipamentos de altíssima precisão.
No entanto, evidências indiretas vêm se acumulando. Um dos casos mais promissores é o do planeta WASP-39b, onde o JWST detectou uma nuvem de gás e enxofre que pode ser resultado de atividade vulcânica em uma lua próxima — um cenário semelhante ao da lua Io, de Júpiter, o corpo mais vulcanicamente ativo do Sistema Solar.

Um cenário digno de ficção
Na franquia Avatar, Pandora é uma lua exuberante que orbita o planeta gigante Polifemo, no sistema Alpha Centauri A, a apenas quatro anos-luz da Terra. No mundo criado por James Cameron, o satélite é habitado pelos Na’vi, seres humanoides de pele azul e alta estatura.
Agora, parte desse cenário pode ter um equivalente real. Em agosto, o Telescópio Espacial James Webb (JWST) detectou sinais de um planeta gasoso candidato em Alpha Centauri A, apelidado de S1, que pode ter luas com potencial para habitabilidade. O objeto, entretanto, ainda não foi confirmado, e os cientistas estimam que ele volte a ser visível entre 2026 e 2027.
Caso S1 seja confirmado, será a maior descoberta já feita pelo JWST, e poderá abrir caminho para a observação direta de luas semelhantes a Pandora.
Ecos do Sistema Solar
A hipótese de luas habitáveis não é apenas teórica. Dentro do próprio Sistema Solar, Europa (de Júpiter) e Encélado (de Saturno) abrigam oceanos subterrâneos sob camadas de gelo e são considerados potenciais candidatos à vida microbiana.
Esses exemplos inspiram os astrônomos na busca por luas de exoplanetas que possam reproduzir condições semelhantes. Segundo o estudo, se forem detectadas em zonas habitáveis — onde a temperatura permite a existência de água líquida —, essas exoluas podem se tornar os lugares mais promissores para a busca por vida fora da Terra.