Saber o tipo sanguíneo pode ser mais importante do que se imagina — e não apenas em situações de emergência. Um estudo recente revelou que determinadas características do sangue podem influenciar diretamente o risco de desenvolver doenças cardiovasculares, como o infarto.
Pesquisadores apresentaram, no IV Congresso Mundial de Insuficiência Cardíaca Aguda da Sociedade Europeia de Cardiologia, uma análise que envolveu mais de 1,3 milhão de pessoas. O levantamento mostrou que indivíduos com tipos sanguíneos A, B ou AB têm um risco 9% maior de sofrer eventos cardíacos, como infarto, quando comparados aos que possuem sangue tipo O.
De acordo com os cientistas, essa diferença pode ser explicada pela presença de proteínas específicas que interferem na coagulação e nos processos inflamatórios. Entre elas, estão o Fator de von Willebrand e a Galectin-3, encontrados em níveis mais elevados nos tipos A, B e AB.
Essas substâncias favorecem a formação de coágulos e o espessamento das artérias, o que aumenta o risco de tromboses, embolias pulmonares e infartos.
Em contrapartida, pessoas com sangue tipo O apresentam níveis menores dessas proteínas, o que contribui para uma proteção natural contra doenças cardiovasculares e alguns distúrbios neurodegenerativos.
O que isso significa na prática
Embora o tipo sanguíneo não possa ser alterado, conhecer essa informação pode ajudar médicos e pacientes a identificar fatores de risco e adotar medidas preventivas.
Especialistas recomendam que pessoas com sangue A, B ou AB redobrem a atenção com a saúde do coração, mantendo hábitos saudáveis, como:
- praticar atividade física regularmente;
- adotar uma alimentação equilibrada e pobre em gorduras saturadas;
- controlar a pressão arterial e o colesterol;
- evitar o tabagismo e o consumo excessivo de álcool.
Entenda os tipos sanguíneos
Os tipos A, B, AB e O são definidos pelos antígenos presentes nas hemácias. Já o fator Rh positivo ou negativodepende da presença de determinadas proteínas na superfície das células sanguíneas.
De acordo com o hematologista Douglas Guggenheim, da Universidade da Pensilvânia, essas variações são resultado da adaptação evolutiva do corpo humano a diferentes ambientes e doenças ao longo da história.
Enquanto os tipos A e B tendem a estar mais associados a processos de coagulação e inflamação, o tipo O demonstra menor propensão a esses mecanismos, o que explicaria sua menor incidência de infartos e falhas cardíacas.




