O cenário político argentino foi sacudido neste ano por uma reviravolta eleitoral. Javier Milei, que chegou à presidência em 2023 e enfrentava críticas e turbulências econômicas, conseguiu uma vitória contundente nas eleições legislativas de meio de mandato, conquistando mais de 40% dos votos em todo o país. O resultado surpreendeu até mesmo aliados do governo e pegou de surpresa o então favorito das pesquisas, Leandro Santoro, candidato peronista e aliado da ex-presidente Cristina Fernández de Kirchner.
Com o triunfo, La Libertad Avanza ampliará significativamente sua presença no Congresso, passando de 37 para 101 deputados e de 6 para 20 senadores. O desempenho foi suficiente para consolidar a força do governo e conter eventuais tentativas de bloqueio legislativo. “Hoje começa a construção da Argentina grande”, declarou Milei, em clima de euforia, no Hotel Libertador, em Buenos Aires.
A vitória de Milei teve um sabor especial na província de Buenos Aires — reduto histórico do peronismo. Em setembro, seu partido havia sido derrotado por 14 pontos nos comícios locais. Dois meses depois, conseguiu reverter o resultado, superando a coligação peronista Fuerza Patria por 41,5% a 40,8%.
Leandro Santoro, que aparecia como favorito em grande parte das pesquisas e chegou a liderar a campanha com discurso centrado na defesa da educação pública e na crítica ao “modelo de ajuste e crueldade” de Milei, terminou em segundo lugar. O revés expôs a perda de fôlego do peronismo, fragmentado e enfraquecido pela ausência de Cristina Kirchner, em prisão domiciliar por corrupção.
Em terceiro lugar ficou Silvia Lospennato, do partido PRO, antiga aliada de Milei, que buscava recuperar espaço no campo de centro-direita. A fragmentação desse setor, no entanto, contribuiu para o avanço do governo libertário.
Triunfo político e impacto econômico de Milei
O resultado foi celebrado pelo governo como um “ponto de inflexão para as ideias de liberdade”. Analistas políticos, como Mariel Fornoni, da consultoria Management & Fit, destacam que o sucesso eleitoral está ligado à percepção de melhora econômica — com queda da inflação e o primeiro superávit orçamentário em 14 anos.
Os mercados reagiram positivamente na noite de domingo: ações de empresas argentinas subiram até 15% no mercado de Nova York, e o dólar cripto recuou quase 10%. O governo de Milei espera que o desempenho nas urnas ajude a estabilizar o peso e reduza a pressão sobre o sistema financeiro, em crise após o resgate bilionário concedido pelos Estados Unidos.




