O governo federal confirmou que o 13º salário dos trabalhadores brasileiros terá aumento a partir de 2026, graças às mudanças aprovadas na reforma do Imposto de Renda (IR). A proposta, que já passou pelo Congresso Nacional, amplia a faixa de isenção mensal do IR para R$ 5.000, contra os atuais R$ 2.428,80 — valor que hoje só fica livre do imposto por conta de um desconto simplificado de R$ 607,20 aplicado pela Receita Federal.
Na prática, o reajuste da faixa de isenção fará com que quem ganha até R$ 5.000 deixe de pagar imposto sobre o 13º salário, aumentando o valor líquido recebido no fim do ano. Trabalhadores com rendimentos entre R$ 5.000,01 e R$ 7.350 também terão redução no valor retido na fonte.
O 13º salário é tributado de forma exclusiva na fonte — ou seja, o desconto do IR incide apenas sobre o valor do benefício, sem somar com o salário mensal ou outros rendimentos. Isso faz com que qualquer mudança na tabela tenha efeito imediato no valor recebido pelo trabalhador.
De acordo com o Ministério do Trabalho e Emprego, o pagamento é feito em duas parcelas — a primeira, de fevereiro a novembro, sem desconto de impostos; e a segunda, até 20 de dezembro, quando são aplicadas as deduções de IR e INSS.
Com as novas regras, quem ganha até R$ 5.000 não terá mais nenhum desconto de Imposto de Renda na segunda parcela, o que representa um aumento real do 13º em relação ao modelo atual.
Reforma amplia isenção e cobra mais de altas rendas
A medida faz parte do Projeto de Lei (PL) 1.087/2025, que isenta o IR para rendimentos mensais de até R$ 5 mil e reduz a tributação para salários de até R$ 7.350. Por outro lado, a proposta cria uma alíquota mínima para altas rendas, que pode chegar a 10% para quem ganha acima de R$ 1,2 milhão por ano.
O texto também estabelece uma isenção anual do IRPF para quem receber até R$ 60 mil por ano, a partir da declaração de 2027 (com base no ano-calendário de 2026).
Segundo o governo, o objetivo é melhorar a distribuição de renda e reduzir desigualdades, já que o atual modelo concentra a maior parte da carga tributária sobre os rendimentos do trabalho. A renúncia fiscal estimada é de R$ 25,4 bilhões, cerca de 10% do total arrecadado com o IRPF.
Mudanças para o mercado financeiro e investidores
A reforma também altera a tributação de lucros e dividendos, que passarão a ter incidência de 10% para valores superiores a R$ 50 mil mensais, a partir de janeiro de 2026. Rendimentos de investimentos isentos, como LCI, LCA, CRI, CRA, LIG e fundos de infraestrutura, continuam fora da base de cálculo.
Além disso, o projeto cria um mecanismo de “redutor” para evitar dupla tributação sobre lucros, limitando a cobrança total entre pessoa jurídica e física.




