O prefeito de Florianópolis (SC), Topázio Neto (PSD), causou grande repercussão nas redes sociais após anunciar que sua gestão tem “devolvido” pessoas que chegam à cidade sem emprego ou residência definida. De acordo com o político, mais de 500 pessoas já foram enviadas de volta para seus municípios de origem desde a criação de um sistema de triagem na rodoviária da capital catarinense.
Em um vídeo publicado no Instagram, o prefeito aparece ao lado de equipes da Assistência Social da prefeitura, mostrando o funcionamento do posto instalado no terminal rodoviário. Segundo ele, o objetivo é “garantir controle sobre quem chega” à cidade.
“Se chegou sem emprego e local para morar, a gente dá a passagem de volta”, declarou Topázio. Na legenda do vídeo, a frase “Chegou sem rumo? Volta pra cidade natal” resume o posicionamento do prefeito sobre o assunto.
Durante a gravação, ele exibe o caso de um homem que teria sido enviado por outro município sem qualquer vínculo com Florianópolis. “O município simplesmente mandou pra cá. Sem nenhum vínculo com a cidade. E agora sobrou para o nosso pessoal da assistência social identificar um parente próximo dele para que possa ir para casa”, explicou.
Topázio afirmou ainda que pretende encaminhar o caso ao Ministério Público de Santa Catarina, alegando preocupação com a “vulnerabilidade social” dessas pessoas.
Sistema de “devolução” e reforço no verão
O prefeito confirmou que o sistema de triagem — que já contabiliza mais de 500 “devoluções” — será reforçado durante o verão, período em que Florianópolis tradicionalmente recebe milhares de visitantes.
“Não podemos impedir ninguém de tentar uma vida melhor em Florianópolis, mas precisamos manter a ordem e as regras. Quem desembarca aqui deve respeitar as nossas regras e a nossa cultura. Simples assim”, declarou o prefeito.
A declaração gerou forte reação entre internautas e entidades de direitos humanos. Muitos questionaram o critério usado pela prefeitura para identificar quem deve ser “devolvido” e acusaram a medida de discriminação social.
“Surreal como ele fala uma atrocidade dessas tão naturalmente”, escreveu um usuário. Outra pessoa questionou: “Qual o critério para abordar as pessoas? Todos vão ter que passar pela assistência ou só quem tem cara de pobre?”.
O que diz a prefeitura
Segundo a administração municipal, a iniciativa visa evitar o aumento da população em situação de rua e garantir que “quem chega à cidade receba o atendimento adequado”. O posto da assistência social instalado na rodoviária seria responsável por identificar o local de origem das pessoas e oferecer passagem gratuita de retorno.
Apesar das justificativas, especialistas em políticas públicas apontam que a medida pode violar direitos fundamentais de livre circulação e moradia, previstos na Constituição Federal.




