O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou neste domingo (9) uma proposta de repasse direto de US$ 2 mil (cerca de R$ 10,7 mil) para a maioria dos cidadãos norte-americanos — excluindo apenas os de alta renda. O valor viria das receitas arrecadadas com tarifas sobre produtos importados, em especial de países como Brasil, China, México e Canadá.
A ideia, divulgada na plataforma Truth Social, foi chamada pelo republicano de “dividendo tarifário”. Nas redes sociais, brasileiros compararam a medida ao programa Bolsa Família, apelidando-a de “Bolsa Família do Trump”.
“Estamos arrecadando trilhões de dólares com as tarifas e em breve começaremos a pagar nossa enorme dívida de 37 trilhões de dólares”, escreveu Trump. “Um dividendo de pelo menos 2.000 dólares por pessoa será pago a todos (exceto aos de alta renda). Quem é contra tarifas é tolo!”
Apesar da promessa, a proposta ainda não tem previsão de implementação e precisaria de aprovação do Congresso norte-americano. Segundo especialistas ouvidos pela Forbes e The Guardian, o plano teria custo superior ao montante arrecadado com as tarifas até o momento.
De acordo com estimativas do Departamento do Tesouro dos EUA, o governo coletou US$ 195 bilhões em tarifas nos primeiros três trimestres do ano. No entanto, pagar US$ 2.000 para cerca de 150 milhões de adultos custaria cerca de US$ 300 bilhões — quase o dobro da arrecadação.
A economista Erica York, do Tax Foundation, destacou que “a matemática não fecha”, apontando que o impacto orçamentário total das tarifas reduz ainda mais o saldo disponível.
Mesmo dentro do governo, há resistência. O secretário do Tesouro, Scott Bessent, afirmou em agosto que o foco da administração é reduzir a dívida nacional, e não emitir cheques de estímulo.
Contexto e desafios
A política tarifária de Trump, baseada na Lei de Poderes Econômicos de Emergência Internacional (IEEPA), vem elevando as taxas sobre importações desde abril — o que, segundo analistas, também aumentou o custo de vida para consumidores americanos.
O plano de Trump surge em meio a um ano eleitoral e a debates judiciais sobre a legalidade das tarifas, que chegaram à Suprema Corte dos EUA na última semana.
Ainda assim, o presidente insiste que os dividendos seriam uma forma de “recompensar os americanos pelos ganhos gerados pelas tarifas”.
Até o momento, não há cronograma oficial nem definição sobre os critérios de elegibilidade para o benefício, que, segundo Trump, exclui apenas os cidadãos de alta renda.




