O Nubank anunciou uma mudança significativa em sua política de trabalho. A partir de 1º de julho de 2026, a fintech vai encerrar o modelo 100% remoto e adotar o formato híbrido, exigindo que a maioria dos funcionários compareça aos escritórios ao menos dois dias por semana.
A decisão, comunicada por e-mail interno pelo CEO e fundador David Vélez, marca o fim de um ciclo iniciado em 2020, quando o banco digital passou a operar integralmente em home office por causa da pandemia. Segundo Vélez, o objetivo é “reforçar a cultura de colaboração, inovação e pertencimento” após um período de crescimento recorde.
O novo modelo será implementado de forma gradual. No início, a jornada híbrida exigirá dois dias presenciais por semana, passando para três dias a partir de janeiro de 2027.
Para receber os funcionários, o Nubank vai inaugurar novos centros corporativos em diferentes cidades ao redor do mundo, com foco em inovação, sustentabilidade e integração entre equipes. Entre os principais locais confirmados estão:
- São Paulo (Brasil) – sede principal e centro de inovação
- Rio de Janeiro (Brasil) – hub de tecnologia e engenharia
- Cidade do México (México) – base da operação latino-americana
- Bogotá (Colômbia) – polo de expansão no mercado andino
- Buenos Aires (Argentina) – centro de desenvolvimento e suporte
- Berlim (Alemanha) – escritório voltado à inovação e inteligência artificial
- Miami (EUA) – foco em parcerias financeiras e expansão internacional
Esses espaços serão planejados como “campus corporativos colaborativos”, com áreas de convivência, treinamentos, mentorias e encontros presenciais entre times de diferentes países.
Reação interna e demissões
O anúncio, feito em 6 de novembro, gerou reação negativa entre parte dos funcionários. No dia seguinte, o Nubank confirmou 12 demissões por justa causa, alegando “desrespeito e violação de conduta” durante debates internos sobre a decisão.
Segundo relatos, cerca de 7 mil dos 9,5 mil funcionários participaram das discussões em formato híbrido — tanto presencialmente quanto via Zoom. Vélez admitiu que o retorno ao presencial poderia gerar “disrupção” entre os colaboradores, mas reforçou que o modelo híbrido é essencial para o futuro da empresa.
Quem será afetado
A nova política atingirá a maior parte dos trabalhadores brasileiros, especialmente aqueles que vivem fora dos grandes centros. O banco informou que apenas algumas áreas continuarão 100% remotas, como:
- Atendimento ao cliente
- Ouvidoria
- Auxílio a investimentos
- Investigações de crimes financeiros
- Soluções regulatórias
- Recursos humanos voltado ao recrutamento
Exceções também serão avaliadas em casos médicos ou pessoais, com possibilidade de realocação para escritórios próximos.
Contexto e desempenho financeiro
Durante os cinco anos de home office, o Nubank mais que dobrou sua base de clientes, passando de 59 milhões para 122 milhões de usuários em toda a América Latina. No segundo trimestre de 2025, o banco registrou lucro líquido de US$ 637 milhões e receita recorde de US$ 3,7 bilhões, consolidando-se como uma das maiores instituições financeiras digitais do mundo.
A decisão segue uma tendência observada em grandes empresas de tecnologia e finanças, que vêm reavaliando políticas 100% remotas em busca de maior engajamento, produtividade e fortalecimento da cultura corporativa.




