O caso Eloá Pimentel, que chocou o Brasil em 2008, volta a despertar interesse público com o lançamento de duas produções recentes: a série “Tremembé”, da Amazon Prime Video, e o documentário “Caso Eloá: Refém ao Vivo”, da Netflix. As obras reacenderam a curiosidade sobre o paradeiro de Lindemberg Alves, o homem condenado pelo sequestro e assassinato da jovem de 15 anos.
Hoje, Lindemberg cumpre pena em regime semiaberto na Penitenciária Doutor José Augusto César Salgado, em Tremembé (SP) — instituição conhecida por abrigar criminosos de casos de grande repercussão nacional.
Lindemberg foi condenado a 98 anos e 10 meses de prisão pelos crimes de homicídio qualificado, cárcere privado, tentativa de homicídio e disparos com arma de fogo. No entanto, em 2013, o Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) reduziu a pena para 39 anos e três meses de reclusão, considerando as regras do Código Penal.
De acordo com sua defesa, o detento mantém comportamento exemplar dentro da unidade prisional, dedicando-se a trabalhos internos e estudos. Ele participou de cursos profissionalizantes, entre eles um curso de empreendedorismo promovido pelo Sebrae, o que lhe garantiu a redução de 109 dias de pena por bom comportamento e produtividade, conforme decisão do juiz José Loureiro Sobrinho, da comarca de São José dos Campos.
A advogada Márcia Renata, que representa o condenado, afirma que ele “segue buscando sua ressocialização, mantendo conduta adequada e respeitando as normas da Lei de Execução Penal”.
Lindemberg chegou a ter o pedido de progressão de regime concedido em 2021, mas a decisão foi suspensa. No ano seguinte, 2022, o benefício foi confirmado, e ele passou oficialmente ao regime semiaberto, podendo trabalhar e estudar fora da prisão em horários determinados.
Relembre o crime que parou o país
Em outubro de 2008, o Brasil acompanhou ao vivo, pela televisão, um dos casos mais trágicos de sua história recente. Lindemberg Alves, então com 22 anos, invadiu o apartamento da ex-namorada Eloá Cristina Pimentel, de 15 anos, em Santo André (SP), e a manteve refém por cinco dias.
O sequestro começou quando Eloá estava em casa com três amigos — Nayara, Iago e Victor — fazendo um trabalho escolar. Armado, Lindemberg libertou os rapazes no mesmo dia e manteve as meninas sob ameaça. No segundo dia, Nayara foi solta, mas retornou ao cativeiro a pedido da polícia, durante as negociações.
A ação terminou de forma trágica: após uma tentativa de invasão do Grupo de Ações Táticas Especiais (Gate), Lindemberg atirou contra as duas jovens. Eloá morreu e Nayara, baleada no rosto, sobreviveu.
A operação policial foi amplamente criticada pela condução falha das negociações e pela intensa cobertura da imprensa, que transmitiu o caso em tempo real.
Produções reacendem o debate
O novo documentário da Netflix, “Caso Eloá: Refém ao Vivo”, dirigido por Cris Ghattas, reúne depoimentos inéditos de familiares, amigos e autoridades que acompanharam o caso, além de trechos nunca divulgados do diário pessoal de Eloá. A produção também revisita os erros da operação policial e os excessos da cobertura jornalística.
Já a série “Tremembé”, da Amazon Prime Video, mostra a rotina de detentos do chamado “presídio dos famosos”, entre eles Lindemberg Alves, interpretado pelo ator Edu Rosa.




