O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sinalizou neste domingo (16) que pode abrir um canal de negociação com o líder venezuelano Nicolás Maduro — um movimento considerado inesperado em meio à escalada militar americana no Caribe e às recentes ações de pressão contra Caracas.
A declaração veio horas depois de Washington anunciar mais um ataque a uma embarcação suspeita de tráfico de drogas no Pacífico Leste, o 21º desde setembro. As operações, autorizadas pelo secretário de Defesa Pete Hegseth, já deixaram mais de 80 mortos e têm sido alvo de críticas no Congresso e por aliados internacionais, que questionam a legalidade dos ataques.
Falando a repórteres antes de embarcar de volta a Washington, Trump admitiu que os EUA “podem ter algumas conversas com Maduro”, afirmando que Caracas “gostaria de dialogar”. O republicano não deu detalhes, mas sugeriu que qualquer abertura diplomática não significará reduzir a pressão sobre o regime.
A fala surpreende porque ocorre no mesmo dia em que o Departamento de Estado — por meio do secretário Marco Rubio — anunciou que o Cartel de los Soles, grupo que Washington acusa Maduro de liderar, será classificado como organização terrorista estrangeira a partir de 24 de novembro. A designação permite a apreensão de bens e torna crime prestar apoio ao grupo. Maduro nega ligação com o narcotráfico.
Cenário militar em ebulição
A mudança de tom também acontece enquanto os EUA reforçam sua presença militar no Caribe: navios de guerra, caças, um submarino nuclear e, neste domingo, a chegada do porta-aviões USS Gerald R. Ford.
Segundo fontes da Casa Branca, Trump recebeu de seus assessores opções para possíveis ações militares em território venezuelano. Embora ainda não tenha autorizado ataques terrestres, o cenário “pode mudar rapidamente”, afirmam duas autoridades.
O aumento das operações navais abriu novo flanco de disputa no Congresso. Democratas — apoiados por republicanos como Rand Paul e Lisa Murkowski — tentaram obrigar o governo a pedir autorização prévia para ações militares, mas as resoluções foram derrotadas no Senado.
Caracas silenciosa
O Ministério das Comunicações da Venezuela não comentou a sinalização de diálogo. Maduro costuma acusar os EUA de “fabricarem” acusações de narcotráfico para justificar ações militares contra seu governo.




