A repercussão da série Tremembé, do Prime Video, ultrapassou o entretenimento e chegou ao Judiciário. Segundo a coluna Outro Canal, da Folha de S. Paulo, Sandra Regina Ruiz Gomes — conhecida como Sandrão — entrou com um processo contra a Amazon, alegando danos morais, uso indevido de imagem e excessos na liberdade de expressão. Ela pede R$ 3 milhões em indenização. A ação tramita na 1ª Vara Cível de Mogi das Cruzes (SP).
Nos autos, Sandrão afirma que a série teria mentido ao retratá-la como mentora do sequestro e participante da execução do adolescente Talisson Vinicius da Silva Castro, de 14 anos, crime pelo qual ela foi condenada em 2003.
Segundo sua defesa, ela teria participado apenas das ligações telefônicas feitas à família da vítima. Porém, na produção do Prime Video, ela aparece como a responsável intelectual do crime e diretamente envolvida na morte do menino — ponto que ela contesta e considera ofensivo, prejudicial e não respaldado pelas sentenças judiciais.
Quem é Sandrão e por que ela está presa
- Em 2003, aos 20 anos, Sandrão participou do sequestro do vizinho Talisson, junto ao namorado, Valdir Ferreira Martins, e dois cúmplices.
- O adolescente foi mantido preso por três dias; o valor do resgate, inicialmente solicitado em R$ 40 mil, foi diminuindo conforme a família não conseguia reunir o dinheiro.
- O grupo decidiu matá-lo após o garoto fugir temporariamente do quarto e reconhecer os sequestradores.
- O corpo foi encontrado com sinais de tortura, amarras e um tiro na cabeça.
- Sandrão também frequentava a casa da família durante o sequestro e chegou a consolar a mãe da vítima, sua amiga.
Ela recebeu pena inicial de 27 anos, reduzida para 24 por não ter atirado no menino, e cumpre regime semiaberto desde 2015.
Por que Tremembé gerou tanta polêmica
A série, lançada em 31 de outubro, explora os bastidores da Penitenciária de Tremembé, conhecida como “presídio dos famosos”. Adaptada dos livros de Ullisses Campbell, a produção revisita crimes marcantes como os casos Richthofen, Nardoni e Matsunaga — mas a figura de Sandrão ganhou destaque especial.
Além de retratar sua influência dentro do presídio, a série mostra seus relacionamentos com Elize Matsunaga e Suzane von Richthofen, além de sugerir que ela teria atuado como uma espécie de “líder” e “chefe de cela” na unidade.
Para ela, entretanto, os exageros dramatúrgicos ultrapassaram os limites da liberdade de expressão.



