O fechamento massivo de unidades do Bradesco voltou a gerar forte reação de funcionários e clientes, após a confirmação de que o banco encerrou 342 agências, 1.002 postos de atendimento e 127 unidades de negócio entre junho de 2024 e junho de 2025. Segundo o Dieese, o número representa quase 38% de todas as agências bancárias fechadas no Brasil no período, atingindo especialmente cidades que dependiam do atendimento presencial.
As medidas motivaram protestos em diversas regiões do país na última quarta-feira, 19 de novembro, durante o Dia Nacional de Luta, organizado por sindicatos dos bancários.
Em Campo Grande, o Sindicato dos Bancários realizou ato na agência localizada entre as avenidas Afonso Pena e Calógeras. Segundo a presidenta da entidade, Neide Rodrigues, o impacto do fechamento é profundo:
“Essas medidas geram um prejuízo muito grande para a sociedade. Muitos municípios estão com agências fechadas. Enquanto o Bradesco celebra lucros recordes, a realidade para os trabalhadores e clientes é de preocupação”.
No Rio de Janeiro, três agências tiveram abertura atrasada após manifestações na Avenida Rio Branco e Rua Primeiro de Março. O diretor do sindicato, Leuver Ludolff, destacou que apenas entre janeiro e junho de 2025, 2.500 bancários foram demitidos no Brasil — sendo 293 só no estado do Rio entre janeiro e outubro:
“Os idosos são os mais prejudicados, pois têm dificuldade de acessar as plataformas digitais”, afirmou o dirigente.
Digitalização acelera cortes e provoca reação de entidades
A redução das unidades acontece em meio ao avanço dos serviços digitais. Segundo a Febraban, 7 em cada 10 transações bancárias foram realizadas por celular em 2023, e o Pix liderou com 63,8 bilhões de operações em 2024. Com isso, bancos vêm justificando os fechamentos pela queda na demanda presencial.
No entanto, sindicatos alertam para consequências sociais mais amplas.
Na Bahia, por exemplo, mais de 130 agências fecharam nos últimos cinco anos, forçando moradores a percorrer até 50 km para realizar operações básicas. Um levantamento de entidades sindicais mostra ainda que o Bradesco demitiu 2.466 funcionários entre janeiro e julho, média de 11,74 por dia.
“Uma parcela significativa da população não consegue operar aplicativos bancários — seja por analfabetismo, idioma ou falta de internet”, afirma Ronaldo Ornelas, dirigente do Sindicato dos Bancários da Bahia.
Justiça começa a reagir: Maranhão suspende fechamento de agências
Em alguns estados, o corte acelerado de unidades levou à intervenção judicial.
O Tribunal de Justiça do Maranhão (TJ-MA) suspendeu o fechamento de 16 agências do Bradesco em abril, atendendo a pedido do Procon estadual.
Na Bahia, onde 134 agências foram fechadas entre 2020 e maio de 2025, sindicatos buscam decisões semelhantes. O impacto atinge cidades inteiras: quase metade dos municípios baianos (47,72%) não possui nenhum banco.
Preocupação crescente entre clientes e funcionários
A onda de fechamentos, somada às demissões, tem levantado questionamentos sobre a capacidade do banco de manter o atendimento a grupos vulneráveis, como idosos, pessoas sem acesso à internet e moradores de áreas rurais.
Sindicatos prometem intensificar os protestos nos próximos dias e pressionar por medidas que garantam uma transição mais responsável para os serviços digitais — sem abandonar quem depende do atendimento presencial.



