O governo da Venezuela revogou nesta quinta-feira (27) o direito de operação de seis companhias aéreas internacionais, incluindo a brasileira Gol, que havia retomado a rota São Paulo–Caracas em agosto após quase dez anos de interrupção. A medida ocorre após as empresas suspenderem seus voos ao país em resposta a um alerta da FAA, a agência reguladora aeronáutica dos Estados Unidos.
Segundo comunicado do Ministério de Transporte e do Instituto Nacional de Aeronáutica Civil (INAC), as companhias Gol, Latam Colômbia, Iberia, TAP, Avianca e Turkish Airlines foram acusadas pelo governo de Nicolás Maduro de se “juntar às ações de terrorismo de Estado promovidas pelos Estados Unidos” ao cancelar “unilateralmente” suas operações.
A decisão foi tomada após Caracas dar um prazo de 48 horas para que as empresas retomassem seus voos. O aviso expirou na quarta-feira (26), sem adesão das companhias.
O ministro do Interior, Diosdado Cabello, reforçou o tom de retaliação.
“O governo nacional, em uma decisão soberana, disse às empresas: se em 48 horas vocês não retomarem os voos, não os retomem mais. Fiquem vocês com seus aviões e nós ficamos com nossa dignidade”, afirmou em seu programa na TV estatal.
Alerta dos EUA desencadeou as suspensões
As empresas haviam interrompido suas operações após a FAA alertar, no sábado anterior, para uma “situação potencialmente perigosa na região”, recomendando extrema cautela ao sobrevoar a Venezuela e o sul do Caribe. A agência citou aumento da atividade militar venezuelana e interferências em sistemas de navegação no espaço aéreo do país.
O regime venezuelano rebateu, dizendo que o órgão dos EUA “não tem competência” sobre seu território.
A medida ocorre em meio a uma escalada de tensões entre Caracas e Washington. Os Estados Unidos mantêm há meses uma mobilização naval e aérea no Caribe, justificando as operações como parte do combate ao narcotráfico. Maduro, por outro lado, acusa o governo Trump de tentar destituí-lo.
Quem segue operando na Venezuela
Apesar da revogação das seis autorizções, algumas empresas continuam voando normalmente para o país:
- Copa Airlines
- Wingo
- Boliviana de Aviación
- Satena
- As venezuelanas Avior e Conviasa
Já as venezuelanas Laser e Estelar suspenderam voos para Madri até 1º de dezembro, após alerta emitido pela autoridade aeronáutica da Espanha.




