A reta final do Brasileirão Betano produziu uma das comparações salariais mais discrepantes do futebol recente. Enquanto Hernán Crespo, novo técnico do São Paulo, volta ao clube com salário mensal de aproximadamente R$ 1 milhão, além de valores retroativos, Abel Braga, ídolo do Internacional, assinou contrato recebendo apenas um salário mínimo (R$ 1.518) para comandar o Colorado nas duas últimas rodadas da competição.
O motivo? Uma exigência da CBF que proíbe treinadores de atuarem sem remuneração formal. Abel queria trabalhar de graça, mas a federação não valida contratos sem registro de salário.
De volta ao Morumbi, Crespo não apenas recebe cerca de R$ 1 milhão mensais, como terá um complemento de aproximadamente R$ 170 mil mensais para quitar, ao longo de 18 meses, os R$ 3 milhões pendentes de sua primeira passagem pelo São Paulo. Na prática, o salário total do argentino ultrapassa R$ 1,17 milhão por mês, segundo o portal SPFC Net.
Seu novo vínculo vai até o fim de 2026, coincidindo com o término do mandato do presidente Julio Casares. A negociação, confirmada pela ESPN, avançou rapidamente após o argentino se mostrar animado para retornar ao clube que comandou em 2021 e no qual conquistou o Campeonato Paulista.
Enquanto isso, no Beira-Rio, o cenário é completamente distinto.
Após a demissão de Ramón Díaz e com o time na zona de rebaixamento, o Inter recorreu ao maior técnico de sua história para evitar a queda à Série B. Abel aceitou imediatamente — e pediu para não receber nada pelos dois jogos restantes.
Mas a regra da CBF impediu o acordo sem salário.

A saída encontrada foi registrar o treinador com o valor mínimo possível, o equivalente ao salário mínimo nacional. Segundo apuração divulgada pelo Zero Hora, não há piso salarial específico para técnicos, permitindo o registro simbólico.
Há ainda a possibilidade de que Abel doe o valor recebido para instituições de caridade — mas isso não foi confirmado por sua equipe.




