O ex-coordenador-geral de Pagamentos e Benefícios do INSS Jucimar Fonseca da Silva foi preso na madrugada desta terça-feira (2) logo após concluir seu depoimento à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do INSS, no Senado. A ordem partiu do presidente da comissão, senador Carlos Viana (Podemos-MG), que apontou contradições reiteradas durante as quase nove horas de sessão, além de evasivas e descumprimento de duas convocações anteriores.
Silva era investigado por ter apoiado a liberação de descontos em massa na folha de aposentados e pensionistas — que somaram R$ 3,5 bilhões em 2024 — mesmo diante de parecer contrário do Ministério Público. Ele chegou a faltar a depoimentos anteriores apresentando atestados médicos e não compareceu a uma perícia do Senado.
Nesta semana, acabou localizado pela Polícia Legislativa nas proximidades de Manaus e conduzido coercitivamente a Brasília.
“Quem é inocente não foge, não evita depoimento e não teme a verdade”, afirmou Carlos Viana ao rebater críticas de Silva sobre a condução coercitiva.
Contradições sobre assinatura de pareceres levaram à ordem de prisão
Durante a oitiva, parlamentares confrontaram Jucimar com documentos que contradiziam suas declarações. O ex-coordenador alegou que só havia passado a assinar pareceres técnicos a partir de 2023. Porém, papéis apresentados pela comissão mostraram assinaturas dele já em 2021, quando atuava no Amazonas — ponto considerado decisivo para a determinação da prisão.
Silva também negou ter sido indicado politicamente ao cargo ou ter recebido propina para autorizar descontos de entidades, como a Conafer.
“Eu nunca assinei autorização de pagamento. Eu acompanhava, mas quem assinava era o chefe da Divisão de Consignações e o diretor de Benefícios”, declarou.

O relator da CPMI, deputado Alfredo Gaspar (União-AL), destacou que os acordos de cooperação técnica aumentaram significativamente durante a gestão de Jucimar: de 16 para 40, entre 2022 e 2024. No mesmo período, os valores descontados dos beneficiários saltaram de R$ 800 milhões (2022) para R$ 3,5 bilhões (2024).
Primeira condução coercitiva da CPMI e liberação após fiança
A operação desta segunda-feira marcou a primeira condução coercitiva realizada pela CPMI. A ordem de prisão foi executada dentro do próprio Senado pela Polícia Legislativa. Silva acabou liberado após pagamento de fiança, mas segue investigado.
Ao encerrar os trabalhos, Carlos Viana afirmou que pedirá prorrogação da CPMI até maio de 2026 e disse esperar que a Polícia Federal e o Supremo Tribunal Federal avancem nas apurações.
As causas e responsabilidades sobre a expansão dos descontos seguem sob investigação.




