Na ilha de Buton, no sul da Indonésia, um fenômeno genético intrigante tem despertado o interesse de cientistas e viajantes do mundo todo. Em meio a uma população majoritariamente de olhos e cabelos escuros, parte dos moradores exibe olhos de um azul elétrico, raríssimo no Sudeste Asiático. O traço, que virou atração nas redes sociais, não surge de herança comum, mas de uma condição genética pouco conhecida: a síndrome de Waardenburg.
A síndrome, que afeta cerca de 1 em cada 42 mil pessoas, altera o funcionamento dos melanócitos, células responsáveis pela pigmentação dos olhos, pele e cabelos. É essa mutação, ocorrida ainda na formação do embrião, que dá origem à coloração azul intensa, por vezes acompanhada de heterocromia — um olho azul e outro castanho.
O geólogo e fotógrafo indonésio Korchnoi Pasaribu ajudou a trazer atenção internacional ao tema ao registrar crianças e adultos com olhos claros em Buton. Suas imagens viralizaram e despertaram curiosidade sobre “um povo de olhos azuis dentro da Indonésia”, como descreveu em entrevista local.

Fascínio e os desafios médicos
Apesar do encanto provocado pelas fotos, especialistas alertam para o risco de transformar a condição apenas em curiosidade estética.
A falta de acesso a atendimento especializado e a ausência de diagnóstico genético na região dificultam o tratamento. Muitos moradores não sabem que o quadro pode afetar a audição e poderia ser amenizado com intervenções simples, como o uso de aparelhos auditivos.
A síndrome não é contagiosa, não reduz a expectativa de vida e não afeta a inteligência, mas o diagnóstico precoce pode melhorar significativamente a qualidade de vida.



