O ano de 2024 foi oficialmente o mais quente já registrado no planeta, segundo novos dados divulgados pela agência europeia Copernicus e consolidados pela Organização Meteorológica Mundial (OMM).
A temperatura média global ficou 1,55°C acima da média entre 1850 e 1900 — período usado como referência pré-industrial — ultrapassando pela primeira vez, em um ano completo, o limite simbólico de 1,5°C do Acordo de Paris.
A marca supera o recorde anterior, de 2023, e coloca o mundo em um ponto crítico da crise climática, de acordo com a OMM.
Primeira violação anual do limite de 1,5°C
A análise, baseada em seis bancos de dados internacionais — incluindo NASA, NOAA, Met Office britânico e Berkeley Earth — apontou que o planeta atravessou uma década inteira de recordes consecutivos. “Estamos diante de uma série de dez anos seguidos de calor sem precedentes”, afirmou Celeste Saulo, secretária-geral da OMM.
Segundo ela, porém, um único ano acima dos 1,5°C não significa que o mundo já falhou nas metas do Acordo de Paris, que são avaliadas por médias de longo prazo.
“Cada fração de grau importa. A cada aumento, os impactos sobre vidas, economias e ecossistemas se intensificam”, destacou Saulo.
O secretário-geral da ONU, António Guterres, reforçou o alerta:
“O aquecimento global é um fato frio e duro. Um ano acima dos 1,5°C não encerra o objetivo — mas exige ação imediata. Ainda há tempo para evitar o pior, mas os líderes precisam agir agora.”
Oceanos atingem recorde histórico de calor
Um estudo complementar publicado na revista Advances in Atmospheric Sciences revelou que os oceanos foram determinantes para o recorde de 2024. Eles registraram o maior nível de aquecimento já medido, tanto na superfície quanto nos 2.000 metros de profundidade.
Responsáveis por absorver cerca de 90% do excesso de calor causado pelos gases de efeito estufa, os oceanos acumularam, somente entre 2023 e 2024, 16 zettajoules de energia — o equivalente a 140 vezes toda a eletricidade gerada no mundo em 2023.
O estudo foi liderado pelo professor Lijing Cheng, do Instituto de Física Atmosférica da Academia Chinesa de Ciências, com participação de 54 cientistas de sete países.




