Dormir com coberta mesmo em noites quentes não é apenas um costume estranho: é um comportamento amplamente difundido e explicado pela ciência. Pesquisas apontam que 65% das pessoas sentem necessidade de dormir sob um cobertor, lençol ou edredom independentemente da temperatura — e isso tem relação direta com o funcionamento do cérebro, com mecanismos de relaxamento e até com condicionamento aprendido desde a infância.
Especialistas explicam que a sensação de estar coberto estimula o sistema nervoso parassimpático, responsável por reduzir a frequência cardíaca, diminuir a tensão muscular e induzir o estado de calma necessário para adormecer.
“O toque suave e a pressão constante — mesmo que leve — funcionam como um gatilho fisiológico para o corpo entrar em modo de descanso”, aponta um estudo do Departamento de Anestesiologia da Universidade da Califórnia (2011). A pesquisa mostrou que a pressão distribuída de cobertores pode melhorar a qualidade do sono e até reduzir dores crônicas.
Essa é a mesma lógica por trás das weighted blankets (cobertores com peso), que ganharam popularidade nos últimos anos.
Benefícios emocionais: menos ansiedade e mais serotonina
Universidades da Austrália, como Flinders University e University of Adelaide, identificaram que dormir coberto pode reduzir sintomas de ansiedade e ajudar o cérebro a desacelerar antes do sono.
Durante a fase REM — quando sonhamos — os níveis de serotonina, neurotransmissor do bem-estar, caem drasticamente. Vários estudos sugerem que cobertores, especialmente os mais pesados, podem aumentar a produção de serotonina, compensando essa queda e trazendo uma sensação maior de conforto e estabilidade emocional.
Por que isso acontece?
Outro fator importante é o condicionamento psicológico. Desde bebês, somos acostumados a dormir com cobertas porque recém-nascidos têm dificuldade de regular a própria temperatura. Pais e cuidadores, portanto, naturalmente os cobrem para protegê-los.
Ideias como “sensação de voltar ao útero” surgem com frequência, mas pesquisadores consideram essa hipótese pouco provável.
Uma explicação curiosa — mas plausível — é puramente sensorial: cobertas são macias e agradáveis ao toque. Embora ainda não existam estudos conclusivos sobre isso, cientistas reconhecem que o conforto físico pode ser, por si só, um motivo forte para que as pessoas queiram se cobrir mesmo no calor.




