Uma nova proposta do governo dos Estados Unidos deve endurecer as regras de entrada no país e afetar diretamente turistas brasileiros que viajam sob isenção de visto. O Departamento de Segurança Interna (DHS) e a Alfândega e Proteção de Fronteiras (CBP) publicaram no Federal Register — o Diário Oficial americano — um plano que obriga visitantes a fornecerem o histórico de redes sociais dos últimos cinco anos, além de novos dados pessoais considerados “sensíveis”.
A medida integra o processo de fortalecimento da segurança de fronteiras, política defendida pelo presidente Donald Trump, que voltou à Casa Branca neste ano.
“Queremos que as pessoas venham, mas com segurança. Queremos ter certeza de que não estamos deixando entrar as pessoas erradas”, afirmou Trump ao ser questionado sobre o impacto da proposta no fluxo de turistas.
O que muda para brasileiros e demais viajantes
A exigência vale para quem utiliza o ESTA (Electronic System for Travel Authorization), sistema eletrônico usado por cidadãos de 42 países que podem entrar nos EUA por até 90 dias sem visto — caso de várias nações europeias, Reino Unido, Japão, Austrália e Israel.
O Brasil ainda não faz parte do programa de isenção, mas a mudança interessa diretamente a brasileiros caso o país avance nas negociações para ingressar no ESTA, pauta que vem sendo discutida diplomaticamente.
Atualmente, o formulário já solicita dados como número de passaporte, data de nascimento e antecedentes criminais. Desde 2016, há um campo opcional para informar perfis de redes sociais — que agora se tornaria obrigatório.
A lista de novas exigências inclui:
- Histórico completo de redes sociais por cinco anos
- Telefones e e-mails usados nos últimos cinco anos
- Dados de familiares próximos, como nomes, datas e locais de nascimento, endereços e telefones referentes ao mesmo período
Segundo o DHS, a mudança permitiria avaliar melhor riscos de segurança e identificar possíveis ameaças antes da entrada no país.
Possíveis impactos e críticas
Especialistas em privacidade e direitos digitais consideram que a proposta pode criar barreiras desproporcionais para viajantes e abrir espaço para violações de liberdade de expressão online.
Analistas também avaliam que o volume adicional de informações pode afastar potenciais visitantes, especialmente diante da realização de dois grandes eventos internacionais nos próximos anos: a Copa do Mundo masculina de 2026 (co-realizada pelos EUA) e os Jogos Olímpicos de Los Angeles em 2028.
Apesar das críticas, Trump minimizou o risco de queda no turismo.
“Não estou preocupado. Estamos indo muito bem”, declarou. “Só queremos segurança.”
A proposta está em período de consulta pública e ainda pode sofrer ajustes antes de entrar em vigor. Caso aprovada, representará uma das maiores mudanças recentes no processo de autorização de entrada nos EUA.




