Cinco séculos antes dos bilionários da tecnologia dominarem rankings globais, um banqueiro alemão já concentrava uma riqueza sem precedentes. Jakob Fugger (1459–1525), conhecido como “O Rico”, chegou a deter cerca de 10% de toda a riqueza da Europa, o equivalente hoje a aproximadamente US$ 400 bilhões (R$ 1,2 trilhão), segundo estimativas históricas reunidas pelo biógrafo Greg Steinmetz. Para o autor, Fugger foi não apenas o homem mais rico de sua época, mas o mais rico da história da humanidade.
Nascido em Augsburg, no sul da atual Alemanha, Jakob Fugger revolucionou o comércio europeu ao operar em escala internacional em uma época em que o mundo ainda era economicamente fragmentado.
Ele financiou imperadores do Sacro Império Romano-Germânico, como Maximiliano I e Carlos V, além de reis como Henrique VIII, e emprestou recursos ao Vaticano. Seus negócios envolviam mineração de cobre e metais preciosos, comércio internacional e grandes operações de crédito — pilares do capitalismo moderno.
Ex-editor do Wall Street Journal e autor do livro The Richest Man Who Ever Lived (2015), Greg Steinmetz afirma que, apesar das dificuldades de comparar fortunas de épocas distintas, a influência de Fugger é inquestionável.
“Jakob Fugger foi sem dúvida o mais poderoso banqueiro de todos os tempos”, disse Steinmetz em entrevista à BBC Mundo.
Segundo o biógrafo, ao morrer em 1525, Fugger concentrava cerca de 2% de toda a produção econômica europeia, algo que hoje o colocaria muito à frente de nomes como Elon Musk, Bill Gates ou Warren Buffett.

Por que quase ninguém ouviu falar dele?
Diferentemente de figuras célebres do Renascimento, como os Médici, os Bórgia ou Nicolau Maquiavel, Fugger manteve uma postura discreta. Não buscou cargos políticos, não tentou se tornar papa, não patrocinou artistas nem construiu palácios monumentais.
Outro fator decisivo foi a barreira linguística. Alemão, Fugger acabou pouco difundido no mundo anglófono. O próprio Steinmetz relata que decidiu escrever a biografia após perceber a ausência de material sobre o banqueiro em inglês.
Estratégia financeira à frente do tempo
Apelidado de Fugger, o Rico, o banqueiro defendia uma estratégia que ainda hoje é referência no mercado financeiro: diversificação e rebalanceamento de investimentos.
“Divida sua fortuna em quatro partes iguais: ações, imóveis, títulos e ouro. Esteja preparado para perder em uma delas na maior parte do tempo”, aconselhava.
Fugger reinvestia os lucros de setores bem-sucedidos, como as minas de cobre da Hungria, em outros ativos, mantendo equilíbrio e reduzindo riscos — conceito que hoje fundamenta family offices e grandes gestoras de patrimônio.
Um legado que atravessou séculos
Além da fortuna, Fugger deixou um legado social duradouro. Em 1521, criou a Fuggerei, considerada o conjunto de habitação social mais antigo do mundo ainda em funcionamento, destinada a moradores vulneráveis de Augsburg.

Mais de 500 anos depois, descendentes da família ainda administram fundações ligadas ao patrimônio construído pelo banqueiro, evidenciando que a riqueza de Jakob Fugger não apenas marcou a história econômica da Europa, mas continua gerando impacto até os dias atuais.




