A tensão geopolítica entre Estados Unidos e Venezuela ganhou um novo capítulo após a China condenar publicamente a apreensão de um navio petroleiro com destino ao seu território. O episódio, ocorrido em águas internacionais próximas à costa venezuelana, levou Pequim a acusar Washington de violar o direito internacional, ampliando o temor global de uma escalada no conflito entre potências.
O Ministério das Relações Exteriores da China afirmou nesta segunda-feira (22) que a interceptação de navios estrangeiros pelos Estados Unidos representa uma “grave violação do direito internacional”. A declaração foi feita após a Guarda Costeira americana apreender, no último sábado (20), um petroleiro carregado com cerca de 1,8 milhão de barris de petróleo venezuelano, que tinha como destino o mercado chinês.
O navio, identificado como Centuries, teria sido carregado na Venezuela sob o nome falso de “Crag”, segundo documentos citados por autoridades americanas. A Casa Branca alegou que a embarcação integrava uma suposta “frota fantasma” usada para driblar sanções internacionais impostas ao regime de Nicolás Maduro.

Durante coletiva de imprensa diária, o porta-voz do governo chinês, Lin Jian, criticou duramente a postura dos Estados Unidos e reiterou a posição de Pequim contra sanções unilaterais.
“A apreensão arbitrária de navios estrangeiros pelos Estados Unidos constitui uma séria violação do direito internacional”, afirmou Lin Jian.
“A China sempre se opõe a sanções unilaterais e ilegais que não tenham base no direito internacional nem autorização do Conselho de Segurança da ONU.”
O porta-voz também destacou que a Venezuela tem o direito de manter relações comerciais com outros países e de desenvolver cooperação internacional de forma independente.
“A Venezuela tem o direito de desenvolver relações mutuamente benéficas com outros países, e a China acredita que a comunidade internacional compreende e apoia a defesa de seus direitos e interesses legítimos”, completou.
Venezuela fala em “pirataria internacional”
O governo venezuelano reagiu com veemência à interceptação, classificando a ação americana como um “grave ato de pirataria internacional”. A apreensão ocorreu poucos dias depois de o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciar um bloqueio a petroleiros sancionados que entrem ou saiam do país sul-americano.
A carga apreendida havia sido comercializada por meio da empresa Satau Tijana Oil Trading, uma das intermediárias que negociam petróleo da estatal venezuelana PDVSA com refinarias independentes chinesas.
A China é atualmente o maior comprador de petróleo venezuelano, responsável por cerca de 4% das importações totais de petróleo do país asiático. Analistas avaliam que a interceptação pode agravar ainda mais as relações entre Washington e Pequim, já tensionadas por disputas comerciais, tecnológicas e estratégicas.




